segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Antielegia de um sapato


Van Gogh
 
 
O soluço como um sapato
na porta. Ou o sapato
como um soluço no pé.
E não sei mais soluçar,
porque os sapatos
apertam os soluços.
E o universo não é
do tamanho da dor.
A dor é universo.
A dor é um sapato
que não cabe.
 
 
Carlos Nejar, em  Fúria Azul - Antielegias - Ateliê Editorial

12 comentários:

  1. A dor é uma pedra no sapatp que só acaba quando lhe danmos um chuto...
    Nunca tinha lido nada do poeta, mas gostei.
    Beijo, querida amiga.

    ResponderExcluir
  2. Ci, esse Nejar é bom demais, viu? Já estou com coceira pra ler mais e mais...Culpa sua! :-)
    Beijos,

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tânia, sabias que ele é pai do Fabrício Carpinejar?
      Filho de peixe...!
      Gosto de carregar essa "culpa" :)

      beijoss

      Excluir
    2. Não sabia, menina!!!!! Explica, né? E quanto à culpa...gosto quando você provoca...:-)
      Beijos,

      Excluir
  3. Poema perfeição, esse.
    Acho que já li alguma coisa dele, é sempre um achado.

    Beijo beijo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Temos muitos "achados" em nossa literatura, não é, Dade?

      beijo beijo :)

      Excluir
  4. A dor é um sapato que não cabe em pé pequeno...
    Parabéns, Tania

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Aqui é um post da Cirandeira, AC...mas pode chaá-la de Tânia que ela não se importa e eu adoraria se fosse ele! :-)
      Beijos

      Excluir
    2. É isso aí, Tânia, a postagem foi feita por mim, mas é tua, é dele, dela, deles, é de todos, é de todas nós!
      "E viva eu, viva tu, viva o rabo do tatu", já dizia aquele famoso psicanalista Roberto Freire, que infelizmente já se foi...!

      Beijos pra ti e para o AC Rangel!!!

      Excluir
  5. a dor, o passado...
    estes sapatos não nos servem mais.

    beijão,
    r.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Roberto, existem certos sapatos novos que incomodam tanto,
      alguns até provocam feridas, calos tipo "olho de peixe" :)
      já o passado, ele vai e volta, vai e volta e não há como apagá-lo, né não?

      beijão

      Excluir