terça-feira, 8 de março de 2011

Migração

A encomenda chegou. Aos pulos, depois da caixa aberta, pude vê-las, espalhadas pelos cômodos. Eram tantas que quase faziam barulho. Gêmeas de si mesmas, em suas tatuagens duplicadas. Tão diversas que algumas nem existiam fora dos sonhos. Filhas de um deus artesão. Foram convidadas para fazer deste dia um relicário. Porque procuro jeitos de te agradar. Se faço um contorno ao seu redor, do dia que agora começou, instalo teu corpo no centro, ao trono, para receber as honrarias. Minhas companheiras começam o trabalho e voam. Suspendem a trajetória pontuando, mínimas, a orientação da dança. Peças de vidro, retalhos luminosos para tua vaidade. O dia, assim, multiplicado, milimétrico, são todas as maneiras que invento para ser tua. E elas partilham comigo o poder dos vôos.

2 comentários:

  1. Encomendas, sempre bem vindas, fazem relicários dos dias, sempre que desejas ser dele...
    beijos

    ResponderExcluir
  2. Voo inventivo e irresistível o dessa criatura!

    ResponderExcluir