quinta-feira, 9 de maio de 2013


Dispersos
...

Vou ali chorar e volto.
Juntarei minhas mãos em concha
depositarei lágrimas, com cuidado, até as bordas
e entregarei à terra.
Desse encontro vingará
a cabeceira do rio.

Seu leito não aceitará cuidados
pois é mais forte que eu.
Sulcos de lodo e segredos,
matas de alegria, pedras indomáveis,
sedimentos de saudade e amores mal acabados.

Amanhã chorarei de novo
depois de amanhã também
para alimentar seu curso
de água, sal, sofrimento.
Nesse rio caudaloso
banharei o transtorno, a urgência,
a virulência do sentimento.

Em sua foz,
um dia,
me deitarei
e morte.

Martha 



4 comentários:

  1. parabéns pelo livro e este poema é magnífico


    beijo

    ResponderExcluir
  2. Poema belíssimo, Martha!
    Parabéns pela publicação de mais um livro teu!!!

    beijoss

    ResponderExcluir
  3. nunca sei se foz é o princípio ou o fim.

    acertou no cravo.

    abração do
    r.

    ResponderExcluir

  4. abração, gente.

    Aquele abraço,

    Martha

    ResponderExcluir