domingo, 10 de março de 2013

Inquietude



Guardados na pele,
pelo corpo adentro

revoltos os barros
agitados os rios, arrumadas correntes

guardo em silêncio
no arado da mão

os sangues doridos
os astros simples e escuros
que não me nasceram
coração,
o linho gasto, o tecido barrento.

Na chuva enxurrada e inquieta
guardada na pele,
por dentro da pele
ainda trago o livro, a linha
e da vida, a palavra placenta

o ruído que atormenta
tormenta de centos de rios, desalinhados e evidentes

nesga dos silêncios que falam, o corpo
a pedra que já não aguenta, o corpo
o dia apócrifo
no espaço demais
o dia contrito
pelo corpo adentro,
e dentro

um coração
o sangue exausto, barro gasto e sedento.

Março 2013, 10
Leonardo B.

[nota breve: texto original para o blog Mínimo Ajuste]

5 comentários:

  1. Que presente! Ele haverá de constar no livro que vem chegando, junto com as letras escarlates do universo venusiano, porque Marte e Vênus se complementam, porque o vermelho de Marte é tão e tão forte quanto o sangue que escorre da Lua.
    Maravilhoso, Leonardo! Maravilhoso...
    Beijos,

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  2. palavras de verdade, sem truques ou disfarces, moldam a carne com a delicadeza da argila...
    obrigada pelo poema, Leonardo.
    obrigada :)
    beijoss

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  3. Muito lindo!

    As imagens vêm grudadas nas letras e vão compondo um cenário: A vida que passa e as marcas que ficam.

    bjo!

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  4. Olá, Leonardo B!
    Fino! Mergulhante! Infinito... Abraço! www.beabadosucesso.com.br

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