segunda-feira, 30 de setembro de 2013
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
Gata
A gata que eu tive
- branca, amarelada e cinzenta -
deixei em meu coração.
Ela fugiu, não sei pra onde
e a deixei em fotos
no local de trabalho do computer.
Nunca me esqueço de pensar nela
que sumiu há sete anos.
Sempre fui louca por gatos.
Seu nome era Nini.
- branca, amarelada e cinzenta -
deixei em meu coração.
Ela fugiu, não sei pra onde
e a deixei em fotos
no local de trabalho do computer.
Nunca me esqueço de pensar nela
que sumiu há sete anos.
Sempre fui louca por gatos.
Seu nome era Nini.
Do livro Amor é tudo que nós dissemos que não era, de Charles Bukowski
Trechos do poema UMA DEFINIÇÃO
amor é o que acontece
uma vez a cada dez anos
amor é o que você acha que a outra
pessoa destruiu
amor é tudo que nós dissemos
que não era
amor é um banco de bar vazio
amor é uma palavra usada
muitas vezes e
muitas vezes
cedo demais.
amor é o que acontece
uma vez a cada dez anos
amor é o que você acha que a outra
pessoa destruiu
amor é tudo que nós dissemos
que não era
amor é um banco de bar vazio
amor é uma palavra usada
muitas vezes e
muitas vezes
cedo demais.
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Linda Batista
Uma delícia de cantora (e, já agora, de tema). Para quem for curioso como eu, deixo aqui a ligação para um curto documentário sobre a vida desta cantora que marcou uma época (de que muito gosto) da música brasileira: a das cantoras da rádio.
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
terça-feira, 24 de setembro de 2013
23 de Setembro
“Tudo o que sei, já lá está, mas não estão
os meus passos nem os meus braços. Por isso caminho, cainho porque há um
intervalo entre tudo e eu, e nesse intervalo caminho e descubro o meu caminho.
Mas entre mim e os meus passos há um
intervalo também: então invento os meus passos e o meu próprio caminho. E com
as palavras de vento e de pedras, invento o vento e as pedras, caminho um
caminho de palavras.”
de Um Caminho de Palavras, António Ramos Rosa
Lá fora, como um ténue corpo
luminoso, como uma luz difusa que aguarda o silêncio nocturno dos caminhos,
“este homem que pensou com uma pedra na mão” tacteia a árvore, a margem, o
corpo em meia ferida, na intacta ferida da palavra, o vocábulo raspado pelo
tempo
e vai; o Poeta apenas saiu, deixou as portas, as janelas, o peito aberto ao mundo, foi por aí… ao mundo, ao que dele resta, ao que dele nos resta… e ao dia como alguém que apenas escutou um “grão de silêncio”, em silêncio e o tomou entre as mãos, o dia sagrado, o dia não mais adiado.
Lá fora há sombras e chagas, mas não acredito nas notícias dos jornais: o Poeta apenas saiu, e para os que ficam, foi por aí “com uma pedra na mão” para transformá-la em vida. Nada de mais, para “este homem que parou / no meio da sua vida / e se sentiu mais leve / que a sua própria sombra”
e vai; o Poeta apenas saiu, deixou as portas, as janelas, o peito aberto ao mundo, foi por aí… ao mundo, ao que dele resta, ao que dele nos resta… e ao dia como alguém que apenas escutou um “grão de silêncio”, em silêncio e o tomou entre as mãos, o dia sagrado, o dia não mais adiado.
Lá fora há sombras e chagas, mas não acredito nas notícias dos jornais: o Poeta apenas saiu, e para os que ficam, foi por aí “com uma pedra na mão” para transformá-la em vida. Nada de mais, para “este homem que parou / no meio da sua vida / e se sentiu mais leve / que a sua própria sombra”
e foi; o Poeta apenas saiu, foi
por aí…
2013
* das Cartas ao Poeta (A. Ramos Rosa), # 1
em Sobre o Rosto da Terra
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
António Ramos Rosa: 1924-2013
ESTAR SÓ É ESTAR NO ÍNTIMO DO MUNDO
Por vezes cada objecto se ilumina
do que no passar é pausa íntima
entre sons minuciosos que inclinam
a atenção para uma cavidade mínima
E estar assim tão breve e tão profundo
como no silêncio de uma planta
é estar no fundo do tempo ou no seu ápice
ou na alvura de um sono que nos dá
a cintilante substância do sítio
O mundo inteiro assim cabe num limbo
e é como um eco límpido e uma folha de sombra
que no vagar ondeia entre minúsculas luzes
E é astro imediato de um lúcido sono
fluvial e um núbil eclipse
em que estar só é estar no íntimo do mundo
Por vezes cada objecto se ilumina
do que no passar é pausa íntima
entre sons minuciosos que inclinam
a atenção para uma cavidade mínima
E estar assim tão breve e tão profundo
como no silêncio de uma planta
é estar no fundo do tempo ou no seu ápice
ou na alvura de um sono que nos dá
a cintilante substância do sítio
O mundo inteiro assim cabe num limbo
e é como um eco límpido e uma folha de sombra
que no vagar ondeia entre minúsculas luzes
E é astro imediato de um lúcido sono
fluvial e um núbil eclipse
em que estar só é estar no íntimo do mundo
Lançamento do audiolivro Judite quer chorar, mas não consegue!
por Nei Lima
Poucos espetáculos conseguem ter uma vida tão longa e muitos desdobramentos, "Judite quer chorar, mas não consegue!", do coreógrafo e dançarino Edu O., é um deles. Judite tem vida de lagarta que nasce e se esconde, primeiro nas folhas e depois nos casulos, para logo depois surgir borboleta pronta para muitos voos.
No início de outubro realizaremos o lançamento oficial do audiolivro homônimo do espetáculo, com narração da atriz Malu Mader e trilha de Cássio Nobre. O livro conta ainda com ilustrações de Clarice Cajueiro.
Dia 05 de outubro, o evento acontecerá no Museu Carlos Costa Pinto (Corredor da Vitória - Salvador), a partir das 15h, com a participação do projeto "Cirandando o Brasil" de Nairzinha.
Dia 08 de outubro, será em Santo Amaro, em dois horários:
das 10h às 13h, na Praça da Purificação, com a participação do projeto "Quarto Azul", do Núcleo Vagapara. Comemorando a semana das crianças com as escolas da cidade.
A partir das 17h, nos encontraremos no Restaurante 82 Grill (Makiba).
Estão todos convidados! A entrada é gratuita.
domingo, 22 de setembro de 2013
A faca não corta o Fogo
a faca não corta o fogo,
não me corta o sangue escrito,
não corta a água,
e quem não queria uma língua dentro da própria língua?
eu sim queria,
jogando linha com dedos, conjugando
onde os verbos não conjugam,
no mundo há poucos fenômenos do fogo,
água há pouca,
mas a língua fia-se a gente dela por não ser como se queria,
mais brotada, inerente, incalculável,
e se a mão fia a estriga e a retoma do nada,
e a abre e fecha,
e que sim que eu amava como bárbara maravilha,
porque no mundo há pouco fogo a cortar
e a água cortada é pouca
que língua,
que húmida, muda, miúda, relativa, absoluta,
e que pouca, incrível, muita
e la poésie, c'est quando le quotidien devient extraordinaire, e que música,
que despropósito, que língua língua,
disse Maurice Lefèvre, e como rebenta na boca!
queria-a toda
Herberto Helder, Funchal, Ilha da Madeira (1930- )
Queda da própria altura
" A vida é feita de escolhas.
Ou da falta delas. "
Do livro Queda da Própria Altura, de Sérgio Tavares
Ou da falta delas. "
Do livro Queda da Própria Altura, de Sérgio Tavares
sábado, 21 de setembro de 2013
sexta-feira, 20 de setembro de 2013
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
terça-feira, 17 de setembro de 2013
domingo, 15 de setembro de 2013
O Tempo
Sou o Tempo que passa, que passa,
Sem princípio, sem fim, sem medida!
Vou levando a Ventura e a Desgraça,
Vou levando as vaidades da Vida!
A correr, de segundo em segundo,
Vou formando os minutos que correm . .
.
Formo as horas que passam no mundo,
Formo os anos que nascem e morrem.
Ninguém pode evitar os meus danos . . .
Vou correndo sereno e constante:
Desse modo, de cem em cem anos
Formo um século, e passo adiante.
Trabalhai, porque a vida é pequena,
E não há para o Tempo demoras!
Não gasteis os minutos sem pena!
Não façais pouco caso das horas!
Olavo Bilac
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
Sufoco à italiana
Luiz Ruffato. Mamma, son tanto felice. Rio de Janeiro:
Record, 2005. (Tomo I da coleção Inferno Provisório.)
Resultado de um trabalho de 15 anos, os cinco volumes da
série Inferno Provisório estão agora à disposição dos admiradores desse
escritor de mil e um recursos. Ao primeiro título, o incrível Mamma, son tanto felice, seguem-se O mundo inimigo,
Vista parcial da noite,
O livro das impossibilidades e Domingos sem Deus.
O estilo de Ruffato é bem conhecido, desde Eles eram muitos cavalos, seu primeiro
livro, versando sobre a cidade de São Paulo, que lhe valeu o prêmio Jabuti. O
moço começou como todo escritor gostaria de ter começado. E no seu caso, foi um
prêmio merecido.
O primeiro livro dessa coleção deixa a gente em cócegas para
conhecer os que vêm depois. É bem significativo o trecho do poeta Jorge de Lima
que anuncia como uma epígrafe este romance/narrativa de abertura da série:
Também há as naus que não chegam
mesmo sem ter naufragado:
não porque nunca tivessem
quem as guiasse no mar
ou não tivessem velame
ou leme ou âncora ou vento
ou porque se embebedassem
ou rotas se despregassem,
mas simplesmente porque
já estavam podres no tronco
da árvore de que as tiraram.
Ruffato escreve como quem está vivendo os fatos. Arrasta o
leitor para o ambiente da história, cerca-o de seus cenários, e tudo se torna
tão real que a própria linguagem fica dispensada de maiores perfeccionismos.
Não que ele escreva mal, nada disso. Muito ao contrário: Ruffato domina a linguagem
de tal maneira que consegue se comunicar por meio de frases incompletas, sinais
fora de lugar, tipologias misturadas. Se no primeiro romance ele se expressava
de modo “fragmentário e frenético”, como se anuncia na orelha de Mamma, essa continua sendo sua
estratégia (muito eficaz) para arrastar o leitor e situá-lo no cerne das ações
de que trata o livro – ações e acontecimentos capazes de nos afetar como se
fôssemos nós mesmos personagens da trama.
É essa narrativa não-linear, tumultuada como a história que
(não) narra, mas apresenta os fatos por assim dizer ao vivo, é, mais que um
texto, uma espécie de epifania envolvendo o leitor. E quando, chegando ao fim
do romance, ou seja lá como se possa caracterizar esse livro sui-generis, tem-se a ilusão de entrar
enfim em uma narrativa dotada de sequencialidade, logo se perceberá que não é
bem isso o que acontece.
Solo de piano
Ya que la vida del hombre no es sino una acción a distancia,
Un poco de espuma que brilla en el interior de un vaso;
Ya que los árboles no son sino muebles que se agitan:
No son sino sillas y mesas en movimiento perpetuo;
Ya que nosotros mismos no somos más que seres
(Como el dios mismo no es otra cosa que dios);
Ya que no hablamos para ser escuchados
Sino para que los demás hablen
Y el eco es anterior a las voces que lo producen;
Ya que ni siquiera tenemos el consuelo de un caos
En el jardín que bosteza y que se llena de aire,
Un rompecabezas que es preciso resolver antes de morir
Para poder resucitar después tranquilamente
Cuando se ha usado en exceso de la mujer;
Ya que también existe un cielo en el infiemo,
Dejad que yo también haga algunas cosas:
Yo quiero hacer un ruido con los pies
Y quiero que mi alma encuentre su cuerpo.
Nicanor Parra, Chile (1914- )
SOLO DE PIANO
Já que a vida do homem não é mais que uma ação a distância
Um pouco de espuma que brilha no interior de um copo;
Já que as árvores não são senão móveis que se agitam.
Não mais que cadeira e mesas em movimento perpétuo;
Já que nós mesmos não somos mais que seres
(Como o próprio deus não é outra coisa senão deus);
Já que não falamos para ser escutados
Senão para que os outros falem
E o eco é anterior às vozes que o produzem;
Já que nem sequer temos o consolo do caos
No jardim que boceja e se enche de ar,
Um quebra-cabeças que é preciso resolver antes de morrer
Para poder ressuscitar depois tranquilamente
Quando usamos a mulher em excesso;
Já que também existe um céu no inferno,
Deixai que também eu faça algumas coisas
:
Eu quero fazer um ruído com os pés
E quero que minha alma encontre seu corpo.
Tradução de Antônio Miranda
terça-feira, 10 de setembro de 2013
Não basta um grande amor...
Não basta um grande amor
para fazer poemas.
E o amor dos artistas, não se enganem,
não é mais belo
que o amor da gente.
O grande amante é aquele que silente
se aplica a escrever com o corpo,
o que seu corpo deseja e sente.
Uma coisa é a letra
e outra o ato.
Quem toma uma coisa por outra
confunde e mente.
Affonso Romano de Sant'Anna
se aplica a escrever com o corpo,
o que seu corpo deseja e sente.
Uma coisa é a letra
e outra o ato.
Quem toma uma coisa por outra
confunde e mente.
Affonso Romano de Sant'Anna
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
Do escrever
Escrevo - e minha mão segue quase automaticamente as linhas do papel.
Escrevo - e meu coração pulsa. Por que escrevo? Infindável é o número de vezes que já fiz a mesma pergunta e sempre encontro a mesma resposta. Escrevo apenas porque em mim alguma coisa não quer morrer e grita pela sobrevivência.
Lúcio Cardoso, em Diário Completo. Rio de Janeiro, 1970.
Curvelo (MG), 1912-1968
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
Minha gente, estou aqui numa felicidade enorme, Patrícia Braille, com sua gentileza e carinho, deixou O LIVRO A CHUVA DE MARIA, EDITORA KALANGO, ACESSÍVEL PARA PESSOAS CEGAS.
Se você tem interesse, mande seu email para mim e eu encaminharei o link.
Gostaria muito que você me ajudasse na divulgação.
Um beijo,
Martha
mgalrao@gmail.com
"É tão bom ter a melhor ideia da vida"
O possível é o futuro do impossível
Quando escrevi era justamente disso que eu pensava justamente
na vontade de fazer na crença que é necessária para levarmos a nossa vida
adiante porque sem esperança sem crença sem ilusão até no melhor da palavra,
talvez no sentido mais profundo da palavra paralisássemos...
É tão bom ter a melhor ideia da vida.
Mesmo que se tenha três ou quatro
vezes por semana a melhor ideia da vida, é tão bom de cada vez que
acontece. Ao encontrar-se um novo sentido, é o mundo todo que renasce.
Uma boa ideia carrega em si o tamanho do mundo, uma espécie de
felicidade incandescente.
A explosão de um fósforo: a ideia inicia-se
num ponto. Existe um mistério essencial nesse instante que separa o
nada de qualquer coisa. O nada é transparente, pode ser atravessado por
gestos e preenchido. A ideia é qualquer coisa e, por isso, fascina,
cativa a atenção, como as lareiras das manhãs de inverno. A ideia
ateia-se, expande-se através do sentido. Uma ideia pode incendiar o
mundo inteiro. Os exemplos são tantos, é desnecessário enumerá-los. As
ideias são fogo, fazem corar as faces. Quando se tenta contar uma ideia,
luta-se com os limites das palavras.
Nesse momento, a esperança é que o
outro se possa inclinar nas janelas dos nossos olhos e, descobrindo-se
no alto de uma torre, possa ver tudo o que contêm, horizonte,
distância.
Então, pode muito bem acontecer que o outro fique a olhar
com o rosto impassível, anestesiado, pálpebras semidescaídas, até ao
momento em que, perante o silêncio e a obrigação de se pronunciar, diz:
não, acho que não vai correr bem.
Nesse momento, há algo que nos é
roubado.
Perdemos as chaves de casa, estamos, de repente, numa cidade
estrangeira, deixamos de saber quem somos. Nesse momento, há uma reação
térmica, fogo versus gelo, e há um desapontamento sem direção. Não
sabemos se estamos decepcionados com o outro por não ter conseguido
compreender o alcance da ideia que tentámos descrever, ou se estamos decepcionados conosco próprios por não termos sido capazes de
descrevê-la, ou se estamos decepcionados com a ideia por não ser à prova
de descrença. É como se perdêssemos para sempre algo insubstituível,
um par de botões de punho que passaram de geração em geração.
Este é
o momento de dizer a esses pessimistas disfarçados de prudentes, de
racionais ou de razoáveis, que não. Dizemos não ao não deles. Quando
nunca se tentou contradizê-los, parece difícil. As primeiras tentativas
de resposta, magoadas, escorregam nas paredes da sua intransigência.
Mas a prática demonstra que é incrivelmente fácil resistir-lhes, basta
deixar que a sua descrença nos atravesse, basta transformá-la em
silêncio, subtrair com uma seringa invisível todo o sentido à sua
descrença, basta não acreditar nela. A sua decepção total e permanente
para com o mundo não nos arrastará.
Além disso, o impossível deles,
aquilo a que chamam "impossível" é a matéria a que aspiramos.
Temos
fome desse impossível e é nele que exercemos a nossa ação.
Antes de
serem possíveis, os telefones, os aviões ou os telecomandos eram
impossíveis. Como é que alguém pode acreditar que duas pessoas sejam
capazes de falar e ouvir-se a milhares de quilômetros de distância?
Como é que alguém pode acreditar que máquinas a pesarem toneladas
levantem voo carregadas de pessoas e atravessem oceanos? Como é que
alguém pode acreditar que se possa apontar uma pequena caixa de
plástico para um retângulo e, carregando em pequenos botões, se mude
imagens em movimento na superfície desse retângulo, escolhendo entre
dezenas de alternativas, que chegam por cabos enterrados no chão?
O
impossível de antes sempre foi possível, apenas não tinha acontecido que
alguém tivesse sido capaz de chegar até ele.
Faltava a quantidade de
pessoas que acreditaram, que perseguiram o filão até o demonstrarem e
construírem.
O mesmo acontece com o impossível de agora.
O impossível
de agora não deve ser muito diferente do impossível de antes. Por sua
vez, o impossível mesmo impossível existia num e continua a existir no
outro, mas como não pode ser distinguido do impossível que será
possível no futuro, a hipótese mais criadora, aquela que propõe mais
esperança é a que considera que tudo o que formos capazes de imaginar
poderá ser materializado. Ou seja, todo o impossível poderá vir a ser
possível.
Assim, não há nenhum motivo para fazer cara de peido e dizer:
não, acho que não vai correr bem.
Em primeiro lugar, porque a
imaginação expande o mundo, ou expande aquilo que somos capazes de ver
nele, o que é a mesma coisa.
Em segundo lugar porque é muito provável
que o "correr mal" deles seja o nosso "correr bem".
Texto: José Luís Peixoto
Imagem: André Arment
José Luís Peixoto nasceu a 4 de Setembro de 1974 em Galveias, Ponte de
Sor. É licenciado em Línguas e Literaturas Modernas (Inglês e Alemão)
pela Universidade Nova de Lisboa. Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores para o melhor livro de poesia. O seu romance Cemitério de Pianos recebeu o Prémio Cálamo Otra Mirada,
destinado ao melhor romance estrangeiro publicado em Espanha em 2007.
Em 2008, recebeu o Prémio de Poesia Daniel Faria com o livro Gaveta de Papéis. Em 2012, publicou Dentro do Segredo, Uma Viagem na Coreia do Norte, a sua primeira incursão na literatura de viagens. Os seus romances estão traduzidos em vinte idiomas.
Postado por Silvia Costardi
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