ANIVERSÁRIO
-- Amanhã faço dez anos. Vou aproveitar bem este meu último dia de nove anos.
Pausa, tristeza:
-- Mamãe, minha alma não tem dez anos.
-- Quanto tem?
-- Só uns oito.
-- Não faz mal, é assim mesmo.
-- Mas eu acho que se devia contar os anos de alma. A gente dizia: aquele cara morreu com vinte anos de alma. E o cara tinha morrido mas era com setenta anos de corpo.
Do livro Para não esquecer, de Clarice Lispector.
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