sábado, 6 de julho de 2013

Rubem Braga: O pavão





  Eu considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d'água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas. Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade. Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico.

2 comentários:

  1. ah, o rubem braga...
    se com ele uma folha seca se transforma num desfile de carnaval, o que dizer do pavão, cirandeira?
    meu ídolo.

    beijo procê.
    r.

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  2. CORPO

    a simplicidade
    surge com a ideia
    e continua

    despindo
    toda a ideia

    até se ver o corpo
    Assim

    IDEIA

    o corpo vem
    da palavra dita
    assim tida

    belamente
    despida

    corpo exposto
    Mim

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