terça-feira, 26 de abril de 2011

Mudança de vida

Sua vida estava longe de ser boa. A quitinete em que Jeferson morava era pequena para abrigar sua mulher e filha. Havia perdido seu emprego de vigilante em uma obra, e as contas empilhavam-se sobre a mesa. O corte da luz foi a gota d’água. Seu primo já havia lhe confidenciado que levantava um extra com programas eventuais feitos na calada da noite. Não importava que o programa fosse com homens, isso não abalava em nada sua masculinidade, pois a relação era absolutamente profissional, e ele era sempre o dominante. Assim, movido pelo desespero, procurou seu primo e bolaram um plano diabólico. Ele iria seduzir um velho cheio da nota, levá-lo para um motel, drogá-lo, pegar o cartão de crédito e limpar sua conta. Para tanto, lhe daria um boa noite cinderela, e antes que o velhote apagasse, pediria sua senha bancária. Desprovido de consciência o velho lhe revelaria tudo. Moleza. Seu primo já fizera várias vezes, sem problema algum. Chegada a grande noite, ele rumou para o local em que os garotos fazem ponto. O primeiro carro que parou era conduzido por um homem franzino, mal vestido e com cara de pobre. O carro então estava caindo aos pedaços. O segundo carro era conduzido por uma gentil senhora, com brincos de plástico, perfume enjoativo e cara de mais pobre ainda. Nenhum deles serviria ao seu propósito. Que vida dura essa de michê pensou. Só lhe apareciam ralados. Mas quando estava quase desistindo, a sorte lhe sorriu. Um carrão novinho em folha parou, o vidro escuro desceu e ele pode observar a figura de um senhor em torno de 60 anos, com uma gravata colorida e um relógio caro. A porta abriu e eles começaram a conversar. O senhor queria fazer algo ali mesmo, e lhe ofereceu trezentos reais. Isso não adiantaria nada. Ele tinha que drogar o velhote, e dentro do carro isso seria mais difícil. Depois de muito se exibir para o velho, sem se deixar ser tocado, a vítima finalmente sucumbiu e concordou em ir para um Motel. Para sua surpresa, de inopino ela virou o carro e entrou em um luxuoso Motel situado no Botafogo. Que saco, ele queria ir para o hotelzinho da Lapa em que seu primo esperava na esquina. Mas não tinha problema, ele drogaria o velho, chamaria o primo, e enquanto o velho dormisse o comparsa iria cedinho ao banco efetuar os saques. Dentro do quarto o velho lhe surpreendeu ao dizer que adorava possuir um jovem e que queria que ele ficasse de bruços. Isso não estava nos seus planos. Não era o que eles haviam combinado. Fingindo que estava calmo, disse-lhe que queria um whisky, e o velho disse que ele poderia pedir o que quisesse ao serviço de quarto. Enquanto a bebida não chegava, ele tinha que dar conta do assédio do velho, que já estava nu, querendo beijá-lo a todo custo. Que nojo, e que mal hálito. Nossa, que horror pensou ele. Tentou em vão escapar do velho, que começou a reclamar e a agarrá-lo ainda com maior excitação. Finalmente a campainha tocou, e a bebida foi deixada. Antes que o velho pudesse fazer algo, dirigiu-se a pequena saleta, pegou os dois copos, e jogou o comprimido no copo do velhote. O velho não quis saber de nada, tentava a todo custo penetrá-lo. Com as duas mãos ocupadas, Jeferson teve que se desvirar rapidamente e jogar os copos sobre a mesa. Depois de muito lutar, conseguiu frear aos poucos o velhote. Quando o velhote se acalmou, começaram a beber cada um o seu drink. Algo estranho então começou a acontecer. Ele de repente sentiu uma fraqueza imensa. Seu corpo ficou lento e seus olhos pesados. Ele se deu conta que atordoado havia trocado os copos. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, sentiu que estava sendo virado de bruços, e a dor foi horrível. Passadas oito horas, acordou tonto e com uma ardência imensa. Ao seu lado, estava deitado o velhote com um sorriso largo nos lábios. Indignado, ele empurrou o seu algoz que não reagiu. Foi quando percebeu que o velhaco estava gelado, inerte, sem respirar. Ele não aguentara tamanho prazer. Jeferson havia sido demais.

4 comentários:

  1. Pelo menos estava feliz...
    Beijo Lisette.

    ResponderExcluir
  2. Cara Lisette,

    Morrer feliz é um luxo concedido para muito poucos.

    Bjs.

    ResponderExcluir
  3. Muito bom. Tadinho do Jefereson. Dei boas risadas.

    ResponderExcluir
  4. Obrigado Maia. Minha intenção é que fosse engraçado mesmo. Abraço.

    ResponderExcluir