terça-feira, 19 de abril de 2011

Índios

ÍNDIOS: cidades ainda não reconhecem direitos indígenas e falta acesso a serviços e ao trabalho
Rodrigo Salles

Mesmo com órgãos governamentais e leis que os protegem, os indígenas têm enormes dificuldades para viver no meio urbano. A entrada no mercado de trabalho e o acesso a serviços públicos essenciais oferecem diversos obstáculos a essas pessoas. "Indígenas são tratados como seres inexistentes nas cidades paulistas", revela Marcos Aguiar, coordenador há 12 anos do projeto "Índios da Cidade", da ONG Opção Brasil.

De acordo com a entidade, existem cerca de 90 mil indígenas, das mais variadas etnias, vivendo em áreas urbanas no Estado de São Paulo, 4 mil somente na macrorregião de Campinas. A maior concentração está na região metropolitana da Capital, com cerca de 60 mil.

Outro dado relevante e pouco conhecido são as 37 aldeias indígenas localizadas dentro de São Paulo. É o maior contingente de indígenas do país, perdendo apenas para o Amazonas.

"O preconceito contra o índio é maior do que com os negros. Muitos têm que esconder sua origem para conseguir emprego, porque os índios tem prerrogativas diferentes dos demais trabalhadores, e os patrões fazem cara feia", conta João Dias Gama, pertencente à etnia Caimbé, representada por 120 famílias nas cidades paulistas.

Avani Florentino, do povo Fulni-ô, critica a mentalidade vigente que dita que lugar de índio é na aldeia. "Somos tratados como incapazes de dirigir nossos próprios destinos, ter autonomia. Nas aldeias ainda são proibidas bebidas alcoólicas. Queremos preservar nossa cultura, mas também precisamos de cidadania plena", declara.

A pedagoga e pesquisadora Chirley Maria de Souza Almeida Santos, da etnia Pankará, afirma que o ensino oficial, além de não reconhecer a diversidade cultural indígena, não tem nem mesmo dados de quantas crianças dessas etnias estudam na rede pública. "Não existe sequer um levantamento da demanda educacional desses estudantes. Não se ensina a diferença entre as centenas de povos indígenas que vivem no país."

Aguiar explica que a falta de políticas públicas para os indígenas que vivem em centros urbanos vem desde erros de conceituação. "Usam-se ainda termos como desaldeiados ou urbanos para os índios que moram em cidade. Isso infere que eles não estão no seu lugar, que não podem pertencer à sociedade dos homens brancos", conclui.

Fonte: http://jornalcidade.uol.com.br/rioclaro/intervalo/intervalo/64124-iNDIOS:-cidades-ainda-nao-reconhecem-direitos-indigenas-e-falta-acesso-a-servicos-e-ao-trabalho

2 comentários:

  1. Na verdade, a história oficial, politicamente correta, omite que grande parte dos indios (sem generalizações, please) ou quiseram se incorporar ou foram incorporados à vida na cidade. E a cidade moderna não é hoje uma sociedade dos homens brancos, é uma sociedade complexa, difusa, multifacetária e transindividual. Sei que muitos não gostam desses conceitos "pós modernos", mas paciência. E por isso os direitos dos indios, mas o respeito à diversidade na sociedade moderna é fundamental.

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  2. A discriminação dos índios é uma realidade que não se pode e não se deve negar. Vivem realmente
    em estado de abandono, marginalizados. E não é
    por acaso que são assassinados, queimados vivos!
    Um horror! E pensar que eles são os primeiros habitantes do nosso país, que são nossos ancestrais e que devemos muito de nossa cultura,
    de nossos costumes, donos de uma sabedoria milenar, é coisa que muita gente desconhece ou faz de conta que...!?

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