Arruma os livros, ajeita as flores do vaso, enfileira feito
soldados a coleção de bonecos vindos dos quatro cantos redondos do mundo.
Tira
o pó dos porta-retratos, areja os álbuns e digitaliza imagens enquanto reduz a
3x4 as cenas do passado. Festas, mares, vulcões, amigos, copos de leite, de
cólera e de vinho.
Prende os cabelos em um nó, estica os braços pra cima, alonga
os músculos, dá a função por encerrada e caminha até a cozinha.
Guarda as toalhas,
os guardanapos, arranha um dedo com uma faca e, sem querer, derruba o par de
xícaras do primeiro café bebido entre as paredes coloridas da casa antiga.
Vai para o quarto, senta na cama, empurra as pilhas de roupas
um pouco pro lado e acaricia a colcha perfumada de alecrim.
Acaricia a colcha, as
coxas e o contorno dos seios.
Sente o suor, o transbordamento e as pulsões do
corpo. Sente a mente diluindo a poeira incrustada de rancores.
Sente a mente, a matéria e o abandono deixando a memória, deixando-a voltar-se para o futuro em direção à calma e ao descanso de um merecido travesseiro.
Achei bonito e sensorial.
ResponderExcluirobrigada, Ana! Gosto do sensorial. Gosto de gente sensorial :)
ExcluirA vida passada a limpo sem estrangulamentos em um texto leve rumo às delicadas superfícies do porvir com a a assinatura indelével de Helena Terra.
ResponderExcluirBeijos,
grande beijo e muitas saudades, José Carlos :)
ExcluirUma boa forma de relaxar!
ResponderExcluirbeijos
Carla, uma boa forma, sim :)
Excluirbeijoss
Boa espécie de meditação!!!
ResponderExcluirBeijos, LelenaHelena
Belo inventário de afazeres. Um beijo, moça.
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