Nos
dias de chuva intensa, quando os relâmpagos iluminam as paredes, corro até o
armário do último quarto, onde se guardam as coisas restantes da casa, e pego a
toalha azul aveludada com que às vezes seco meu corpo, para depois cobrir, equilibrando-me
sobre um banco, o espelho de moldura
envelhecida sempre exposto ao silêncio dos meus medos, espelho em que me fito à
noite,quando escovo os dentes e em que me surpreendo com os desenhos do meu
rosto, não me achando parecida com minha mãe e tampouco comigo, com a mulher
que abriga a minha expressão antes de me deitar e com quem acordo, eu, em metamorfose
ora lenta ora tumultuada, perdida em
meio a traços estranhos e incompreensíveis à percepção dos meus olhos lapidados
por lágrimas e risos e pela inconstante presença de outros olhos sobre os meus, sobre o meu
nariz, minha boca, sobre os meus movimentos carentes de colo, de carne e de credo.
colcha, colo, carne, credo, chuva
ResponderExcluirem dias assim é recolher-se
pé ante pé
até o espelho lapidar o silêncio
beijoooos
Saiba que gostei muito, Tania. Beijos!
ResponderExcluirE hoje ela voltou!
ResponderExcluirEquilíbrio
ResponderExcluirna assimetria