Poema nenhum,
nunca mais
será um acontecimento:
Escrevemos cada vez mais
para um mundo cada vez menos,
para esse público dos ermos,
composto apenas de nós mesmos,
uns joões batistas a pregar
para as dobras de suas túnicas,
seu deserto particular,
ou cães latindo, noite e dia,
dentro de uma casa vazia.
Alberto da Cunha Melo, sociólogo, jornalista e poeta, nascido em Jaboatão dos Guararapes(PE) - 1942-2007
ResponderExcluir[ainda assim,
vão as palavras muito além dos quotidianos quereres;
vão, por essa casa vazia
e andarão transeuntes!]
um imenso abraço,
Lb
e que bom que seja assim, Leonardo, principalmente quando transitam por ela pessoas como VOCÊ !!!
Excluirbeijo
O Alberto é um dos meus conterrâneos mais fortes na literatura. Impossível ficar indiferente ao poema-livro Yacala, por exemplo.
ResponderExcluirMas agora gostaria de chamar a atenção quanto à diagramação do poema. Ele foi escrito em forma de retranca (criação do próprio poeta): uma quadra, um dístico, um terceto e outro dístico - 8 sílabas cada verso, portanto o poema é:
CASA VAZIA
Poema nenhum, nunca mais,
será um acontecimento:
escrevemos cada vez mais
para um mundo cada vez menos,
para esse público dos ermos
composto apenas de nós mesmos,
uns joões batistas a pregar
para as dobras de suas túnicas
seu deserto particular,
ou cães latindo, noite e dia,
dentro de uma casa vazia.
Como para Alberto forma é conteúdo, acho importante manter o poema como original. Estou realmente feliz de ter lido ele por aqui. Sempre costumo recitar esse poema junto com o também seu Schopenhauer. Abraços!
maravilha
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