sábado, 30 de abril de 2011
Enfim Exposição
Uma galeira à espera de nossas pinturas colagem criada em 29.04.2011 para este post |
Finalmente Ivonete e eu conseguimos um espaço para fazer nossa exposição de 2011. Trata-se da Galeria do Conselho, anexo do Palácio da Aclamação, belo espaço localizado em Salvador, no Campo Grande:
Palácio da Aclamação |
A seguir, o release da exposição. Em breve, convite para todos os apaixonados por arte.
Exposição “Solitudes” na Galeria do Conselho
A Galeria do Conselho de Cultura da Bahia promove no dia 08 de julho de 2011, às 19h, a abertura da exposição “Solitudes”, projeto das artistas Lucia Alfaya e Moniz Fiappo.
A mostra reúne obras em técnica mista sobre tela, fruto do trabalho desenvolvido no período 2010-2011.
Lucia Alfaya é natural de Salvador e começou sua carreira artística em 2000 quando iniciou seus estudos na Escola Caminho das Artes. Desde então tem participado de diversas exposições coletivas e teve um trabalho selecionado no VII Salão Bahia Marinhas em 2009.
Na atual série de trabalhos, Lúcia Alfaya reflete sobre a solidão do homem pós-moderno, nutrida pelo medo da violência e facilitada pelas conexões virtuais que promovem e multiplicam as relações sociais mas, ao prescindir da presença física, isolam e exacerbam o individualismo do homem contemporâneo.
A artista retrata personagens solitários, em cenários assépticos, eles podem estar olhando para dentro ou para fora, não se sabe pois não possuem rosto, são anônimos como a solidão que os consome.
Moniz Fiappo é natural de Santo Amaro, Recôncavo da Bahia, dedica-se a criar formas e linhas que explodem em cores, e utiliza-se nesta exposição de suportes tradicionais. A variedade de formas geométricas é seu ponto forte. Participou de inúmeras exposições em Salvador, sendo a última na Galeria do EBEC.
A artista trabalha também com outros suportes sem entretanto fugir ao desenho abstrato, pontuado por recortes que ajudam a compreender o casamento entre criação e matéria.
Desprezando rótulos ou padrões, introduz na criação aspectos/representações próximas do universo abstrato, mas o ritmo marcante, as linhas que induzem possibilidades manifestam, na escolha, seu profundo interesse pelo irreal.
O que: Exposição “Solitudes” das artistas Lucia Alfaya e Moniz Fiappo
Onde: Galeria do Conselho de Cultura da Bahia
Abertura: 08 de julho de 2011 às 19h
Visitação: 11 de julho a 08 de agosto de 2011, de segunda a sexta, das 09 às 17:30
Entrada franca
Definições definitivas...
É triste chegar à idade em que todas as mulheres nos agradam e não podemos agradar a nenhuma delas.
De Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832)
Toda uma corrente de acontecimentos brota da decisão, fazendo surgir a nosso favor a sorte de incidentes, encontros e assistência material que nenhum homem sonharia que viesse em sua direção. Qualquer coisa que você possa fazer ou sonhar que possa fazer, comece a fazer agora. A ousadia tem em si genialidade, força e magia.
quinta-feira, 28 de abril de 2011
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Namora uma rapariga que lê
“Namora uma rapariga que lê. Namora uma rapariga que gaste o dinheiro dela em livros, em vez de roupas. Ela tem problemas de arrumação porque tem demasiados livros. Namora uma rapariga que tenha uma lista de livros que quer ler, que tenha um cartão da biblioteca desde os doze anos.
Encontra uma rapariga que lê. Vais saber que é ela, porque anda sempre com um livro por ler dentro da mala. É aquela que percorre amorosamente as estantes da livraria, aquela que dá um grito imperceptível ao encontrar o livro que queria. Vês aquela miúda com ar estranho, cheirando as páginas de um livro velho, numa loja de livros em segunda mão? É a leitora. Nunca resistem a cheirar as páginas, especialmente quando ficam amarelas.
Ela é a rapariga que lê enquanto espera no café ao fundo da rua. Se espreitares a chávena, vês que a espuma do leite ainda paira por cima, porque ela já está absorta. Perdida num mundo feito pelo autor. Senta-te. Ela pode ver-te de relance, porque a maior parte das raparigas que lêem não gostam de ser interrompidas. Pergunta-lhe se está a gostar do livro.
Oferece-lhe outra chávena de café com leite.
Encontra uma rapariga que lê. Vais saber que é ela, porque anda sempre com um livro por ler dentro da mala. É aquela que percorre amorosamente as estantes da livraria, aquela que dá um grito imperceptível ao encontrar o livro que queria. Vês aquela miúda com ar estranho, cheirando as páginas de um livro velho, numa loja de livros em segunda mão? É a leitora. Nunca resistem a cheirar as páginas, especialmente quando ficam amarelas.
Ela é a rapariga que lê enquanto espera no café ao fundo da rua. Se espreitares a chávena, vês que a espuma do leite ainda paira por cima, porque ela já está absorta. Perdida num mundo feito pelo autor. Senta-te. Ela pode ver-te de relance, porque a maior parte das raparigas que lêem não gostam de ser interrompidas. Pergunta-lhe se está a gostar do livro.
Oferece-lhe outra chávena de café com leite.
Diz-lhe o que realmente pensas do Murakami. Descobre se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entende que, se ela disser ter percebido oUlisses de James Joyce, é só para soar inteligente. Pergunta-lhe se gosta da Alice ou se gostaria de ser a Alice.
É fácil namorar com uma rapariga que lê. Oferece-lhe livros no dia de anos, no Natal e em datas de aniversários. Oferece-lhe palavras como presente, em poemas, em canções. Oferece-lhe Neruda, Pound, Sexton, cummings. Deixa-a saber que tu percebes que as palavras são amor. Percebe que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade – mas, caramba, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco com o seu livro favorito. Se ela conseguir, a culpa não será tua.
Ela tem de arriscar, de alguma maneira.
Mente-lhe. Se ela compreender a sintaxe, vai perceber a tua necessidade de mentir. Atrás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. Nunca será o fim do mundo.
Desilude-a. Porque uma rapariga que lê compreende que falhar conduz sempre ao clímax. Porque essas raparigas sabem que todas as coisas chegam ao fim. Que podes sempre escrever uma sequela. Que podes começar outra vez e outra vez e continuar a ser o herói. Que na vida é suposto existir um vilão ou dois.
Porquê assustares-te com tudo o que não és? As raparigas que lêem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Excepto na saga Crepúsculo.
Se encontrares uma rapariga que leia, mantém-na perto de ti. Quando a vires acordada às duas da manhã, a chorar e a apertar um livro contra o peito, faz-lhe uma chávena de chá e abraça-a. Podes perdê-la por um par de horas, mas ela volta para ti. Falará como se as personagens do livro fossem reais, porque são mesmo, durante algum tempo.
Vais declarar-te num balão de ar quente. Ou durante um concerto de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Pelo Skype.
Vais sorrir tanto que te perguntarás por que é que o teu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Juntos, vão escrever a história das vossas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos ainda mais estranhos. Ela vai apresentar os vossos filhos ao Gato do Chapéu e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos da vossa velhice e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto tu sacodes a neve das tuas botas.
Namora uma rapariga que lê, porque tu mereces. Mereces uma rapariga que te pode dar a vida mais colorida que consegues imaginar. Se só lhe podes oferecer monotonia, horas requentadas e propostas mal cozinhadas, estás melhor sozinho. Mas se queres o mundo e os mundos que estão para além do mundo, então, namora uma rapariga que lê.
Ou, melhor ainda, namora uma rapariga que escreve.”
Texto de Rosemary Urquico, pescado no blog http://novaziodaonda.wordpress.com/
Bahia Style
Você já foi à Bahia? Não? Então Vá!
Tendo em vista o magnífico sucesso do post anterior sobre Havana Style publico aqui mais umas imagens da série Icons da Editora Taschen, Bahia Style.
As fotos são de Tuca Réines
terça-feira, 26 de abril de 2011
Mudança de vida
Sua vida estava longe de ser boa. A quitinete em que Jeferson morava era pequena para abrigar sua mulher e filha. Havia perdido seu emprego de vigilante em uma obra, e as contas empilhavam-se sobre a mesa. O corte da luz foi a gota d’água. Seu primo já havia lhe confidenciado que levantava um extra com programas eventuais feitos na calada da noite. Não importava que o programa fosse com homens, isso não abalava em nada sua masculinidade, pois a relação era absolutamente profissional, e ele era sempre o dominante. Assim, movido pelo desespero, procurou seu primo e bolaram um plano diabólico. Ele iria seduzir um velho cheio da nota, levá-lo para um motel, drogá-lo, pegar o cartão de crédito e limpar sua conta. Para tanto, lhe daria um boa noite cinderela, e antes que o velhote apagasse, pediria sua senha bancária. Desprovido de consciência o velho lhe revelaria tudo. Moleza. Seu primo já fizera várias vezes, sem problema algum. Chegada a grande noite, ele rumou para o local em que os garotos fazem ponto. O primeiro carro que parou era conduzido por um homem franzino, mal vestido e com cara de pobre. O carro então estava caindo aos pedaços. O segundo carro era conduzido por uma gentil senhora, com brincos de plástico, perfume enjoativo e cara de mais pobre ainda. Nenhum deles serviria ao seu propósito. Que vida dura essa de michê pensou. Só lhe apareciam ralados. Mas quando estava quase desistindo, a sorte lhe sorriu. Um carrão novinho em folha parou, o vidro escuro desceu e ele pode observar a figura de um senhor em torno de 60 anos, com uma gravata colorida e um relógio caro. A porta abriu e eles começaram a conversar. O senhor queria fazer algo ali mesmo, e lhe ofereceu trezentos reais. Isso não adiantaria nada. Ele tinha que drogar o velhote, e dentro do carro isso seria mais difícil. Depois de muito se exibir para o velho, sem se deixar ser tocado, a vítima finalmente sucumbiu e concordou em ir para um Motel. Para sua surpresa, de inopino ela virou o carro e entrou em um luxuoso Motel situado no Botafogo. Que saco, ele queria ir para o hotelzinho da Lapa em que seu primo esperava na esquina. Mas não tinha problema, ele drogaria o velho, chamaria o primo, e enquanto o velho dormisse o comparsa iria cedinho ao banco efetuar os saques. Dentro do quarto o velho lhe surpreendeu ao dizer que adorava possuir um jovem e que queria que ele ficasse de bruços. Isso não estava nos seus planos. Não era o que eles haviam combinado. Fingindo que estava calmo, disse-lhe que queria um whisky, e o velho disse que ele poderia pedir o que quisesse ao serviço de quarto. Enquanto a bebida não chegava, ele tinha que dar conta do assédio do velho, que já estava nu, querendo beijá-lo a todo custo. Que nojo, e que mal hálito. Nossa, que horror pensou ele. Tentou em vão escapar do velho, que começou a reclamar e a agarrá-lo ainda com maior excitação. Finalmente a campainha tocou, e a bebida foi deixada. Antes que o velho pudesse fazer algo, dirigiu-se a pequena saleta, pegou os dois copos, e jogou o comprimido no copo do velhote. O velho não quis saber de nada, tentava a todo custo penetrá-lo. Com as duas mãos ocupadas, Jeferson teve que se desvirar rapidamente e jogar os copos sobre a mesa. Depois de muito lutar, conseguiu frear aos poucos o velhote. Quando o velhote se acalmou, começaram a beber cada um o seu drink. Algo estranho então começou a acontecer. Ele de repente sentiu uma fraqueza imensa. Seu corpo ficou lento e seus olhos pesados. Ele se deu conta que atordoado havia trocado os copos. Antes que pudesse fazer qualquer coisa, sentiu que estava sendo virado de bruços, e a dor foi horrível. Passadas oito horas, acordou tonto e com uma ardência imensa. Ao seu lado, estava deitado o velhote com um sorriso largo nos lábios. Indignado, ele empurrou o seu algoz que não reagiu. Foi quando percebeu que o velhaco estava gelado, inerte, sem respirar. Ele não aguentara tamanho prazer. Jeferson havia sido demais.
Havana Style
Havana Style, série Icons, editado pela Taschen |
A (muito boa) editora alemã Taschen tem uma série que gosto muito. Chama-se Icons e mostra estilos de diversos locais do mundo. Eles lançaram a New York Style, Buenos Aires Style, Miami Style, Paris Style, Africa Style, Bahia Style e agora estão lançando a Havana Style. Recomendo.
Ou como diria Lobão: décadence avec élégance.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
El principio y el fin
Cuando abro en los objetos la puerta
de mi mismo: quién me roba la sangre, lo mio, lo real?
Quién me arroja al vacio
cuando respiro? Quién
es mi verdugo adentro de mi mismo?
Oh Tiempos. Rastro múltiple.
Rostro multiplicado por ti mismo.
Sal desde las orígenes de la música. Sal
desde mi llanto
Arráncate la máscara riente.
Espérame a besarte, convulsiva belleza.
Espérame en la puerta del mar. Espérame
en el objeto que amo eternamente.
Gonzalo Rojas, poeta chileno (1917-2011)
O poeta faleceu hoje, aos 93 anos de idade.
{0} e {1}, o Casamento do Ano Priscila & Luis
{0} e {1}, o Casamento do Ano Priscila & Luis: "{0} e {1} estão a concorrer para ganhar o Casamento do Ano, no valor de € 30.000. Vai votar neles?"
Da leitura
Era uma vez um leitor, curioso sobre a história dentro de um livro. Era uma vez um livro, curioso sobre os olhos daquele leitor. Era uma vez a história de um. Era uma vez a história de outro. Mas porque alguém tinha de dar o braço a torcer, o livro rendeu-se e começou o primeiro capítulo. Os livros sempre se rendem: não é à toa que eles capitulam.
Rita Apoena, Porto Alegre
Ringo Starr, Beaucoups of Blues
Em maio de 1970, enquanto participava das sessões de All Things Must Pass — o legendário álbum solo triplo de Harrison —, Ringo conheceu Pete Drake. O renomado músico de Nashville estava em Abbey Road registrando pedal steel guitar para o disco de George. A afinidade musical acabou aproximando os dois.
A intenção de Ringo era gravar material na Inglaterra e enviar as fitas master para serem finalizadas por Pete em Nashville. Mas Drake soube convencer Starr de que o ideal seria ele ir até os Estados Unidos para realizar todas as sessões.
Quando voltou para Nashville, Pete solicitou que vários dos melhores compositores de country escrevessem canções inéditas para o álbum de Ringo. Starr voou para os EUA no dia 22 de junho de 1970. Imediatamente ouviu as demos e escolheu as músicas que lhe interessaram. Drake havia reservado o Music City Recorders Studio e contratado vários dos músicos de estúdio mais requisitados do Tennessee para as gravações: Jim Buchanan, Charlie Daniels, D.J. Fontana, Buddy Harman, Chuck Howard, Roy Huskey Jnr, The Jordanaires, Ben Keith, Jeannie Kendal, Jerry Kennedy, Dave Kirby, Grover Lavernder, Charlie McCoy, Sorrells Pickard, Jerry Reed, George Richey e Jerry Shook (foto de todos abaixo). Além de cantar, Ringo tocou bateria e violão em algumas faixas.
No dia 1º de julho — em menos de 10 dias — os trabalhos estavam encerrados e Ringo já retornava para a Inglaterra. Em setembro, o segundo álbum solo de Starr naquele ano era lançado. Beaucoups of Blues é composto por 12 canções e, sem dúvida, um disco incrível de country.
(http://whiplash.net/materias/db/116229-ringostarr.html)
domingo, 24 de abril de 2011
O imponderável
A velhice não lhe caía bem. Sempre fora cheia de vida. Comunicativa, facilmente fazias novas amizades, adorava viajar, dançar, namorar. Sim, ela tivera uma vida social e amorosa bem agitada. Mas os anos passaram, os pretendentes ficaram escassos, e ela começou a se sentir solitária. Leitura assídua da coluna de obituários, com freqüência encontrava um ex-namorado, e ela logo dizia: - Mais um que “mórrreuu”. Solidária, não deixava jamais de comparecer ao velório e estender sua mão amiga. O tempo continuou a passar, e depois da virada do milênio, sua vida amorosa caiu num marasmo incrível. Que década pavorosa costumava dizer. Nenhuma paquera. E foi assim que esse ser cheio de alegria, começou a se entristecer. Não havia um motivo específico, pois a vida lhe fora generosa. O sucesso profissional de seus filhos lhe enchia de orgulho, tinha um cantinho confortável e charmoso, e uma boa saúde. Todavia, seu mundo tornara-se cinza, pois nele não havia amor. Costumava dizer que lhe faltava a esperança em um “a venir”. Que, agora, seu único companheiro era o Sr. Tédio, sempre presente nas noites insones. Um certo dia, no entanto, o imponderável chegou, e ela começou a sufocar. Corajosa, decidiu que iria agüentar firme, pois não queria incomodar a família e amigos. Depois de um dia inteiro com dificuldades para respirar, finalmente chamou a diarista, que apavorada telefonou para o filho da patroa. O modo carinhoso como ele a levou ao hospital, lhe encheu de orgulho ("Meu filho me levou incontinente!"). Na emergência, fizeram um raio x e a má notícia chegou. Ela tinha um nódulo no pulmão. Inteligente, ela logo entendeu o que acontecia, e com um falso otimismo logo declarou que não haveria de ser nada. Que quando fizesse os exames mais profundos, marcados para acontecer em uma semana, ele haveria de ser benigno. Voltou para casa, iniciou o tratamento com pesados medicamentos e parou de fumar. Mesmo assim, foi sentindo-se cada vez mais fraca. Embora a respiração tivesse voltado a normalidade, ficava dia a dia mais abatida. A doença avançava. Não conseguia nem mais sair de casa ou lavar a cabeça sozinha. Vaidosíssima, ela deixou até de comparecer ao salão de beleza em que havia marcado uma hora para pintar as madeixas. Afetiva, ela sabia a importância da palavra amizade. Antes que o inevitável acontecesse, precisava despedir-se de suas amigas sinceras e leais. Assim, uma a uma, chamou suas amigas que foram visitá-las. Levaram-lhe doces, revistas, flores, sopas, doce de figo, ambrosia, doce de pera, pratinhos de comida caseira, guloseimas em geral. Por sua vez, ela passou a brindá-las com pequenos objetos pessoais, para que elas tivessem ao menos uma recordação sua. As ligações foram inúmeras, e a choradeira entre as amigas imensas. Em pouco tempo a gravidade da sua doença era assunto na cidade. Muito fraca, declarava a todas com a voz embargada e com tom solene, que não tinha medo da morte, o que ela não queria era sofrer. Foram tantas as homenagens, que era possível perceber que ela conseguia até sentir um certo prazer, ainda que soubesse estar com os dias contados. Dois dias antes da data marcada para o exame fatídico, seu corpo piorou. Começou a sentir uma dor nas pernas. Perguntou por telefone ao sobrinho hipocondríaco o que poderia ser. Ele lhe falou que é muito comum em pessoas com câncer, a ocorrência de tromboses, e que ela deveria procurar imediatamente um médico. Ela olhou para seus pés e percebeu que suas veias estavam saltadas. Só lhe faltava essa. Antes de morrer ainda teria que amputar sua perna. Que triste fim seria o seu. Já de início perderia a perna para a trombose, e seus cabelos para a quimioterapia. Que vida cruel. Seus dois maiores atributos físicos seriam destroçados. Isso não podia ser verdade, que vida nojenta, que revolta. O dia do exame chegou e o pânico surgiu. Não que ela tivesse medo do resultado, pois era inteligente e já o sabia. O problema é que ela era claustrofóbica e sufocaria no tubo da máquina de ressonância. Morreria no exame. Depois de muito se agitar, o filho finalmente conseguiu acalmá-la e ela entrou na máquina. Foram os piores momentos da sua vida. Ao sair da máquina, abraçou-se ao filho e desatou a chorar. Uma hora depois, o médico lhe chamou e informou que ela não tinha nada. Que fora uma crise respiratória provocada por um resfriado, e que seu nódulo era totalmente benigno. - Ora doutor, como pode ser só isso? Estou quase morrendo. O medico lhe respondeu que não, que na realidade ela estava muito bem. Um sucesso para sua idade. Ela não quis ser indelicada, e encerrou o assunto. Era obvio que ele não estava vendo direito. Procuraria um outro médico que confirmasse seu diagnóstico. Por sorte, ao sair do hospital encontrou um dos maiores pneumologistas do Brasil que, por coincidência, era seu parente. Ele olhou os exames e declarou em tom solene que ela estava ótima. Que foi um presente de páscoa para ele encontrá-la tão bem. O filho entre alegre pela mãe estar bem, e irritado pelo drama todo, levou-a para jantar e depois para casa. Ela ainda não se conformara, como poderia não ter nada? Resolveu procurar um outro médico que encontrasse uma justificativa para seu mal estar, pois as amigas todas iriam ligar e ela teria que dar uma explicação. Passada uma semana, ela não ouviu uma terceira opinião e está bem novamente. Seu cabelo está pintado, suas pernas pararam de doer, a força e o apetite voltaram, mas na realidade ela está profundamente triste. As pessoas rapidamente esqueceram-se dela, e ela passa os dias a ler os jornais e a assistir televisão. Sente-se solitária, esquecida, a vida está cinza novamente, pensa que seria melhor que o imponderável tivesse realmente se apresentado.
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Definições definitivas...
O tempo que você gasta perdendo tempo, não é tempo perdido.
Bertrand Russell
quinta-feira, 21 de abril de 2011
UM POEMA
AFORISMOS
-1-
Certezas são corpos estranhos
na minha mente
Que, certamente,
Ativam defesas imunológicas.
-2-
Dúvidas: germinações exasperadas
Em solos arenosos
Que gerarão frutos carnosos.
-3-
O movimento é um discurso no espaço,
sendo a inércia lapso.
-4-
Os pés não sustentam o corpo:
ortografam a sua graça.
-5-
A serenidade é líquido
entre rochas ardentes.
-1-
Certezas são corpos estranhos
na minha mente
Que, certamente,
Ativam defesas imunológicas.
-2-
Dúvidas: germinações exasperadas
Em solos arenosos
Que gerarão frutos carnosos.
-3-
O movimento é um discurso no espaço,
sendo a inércia lapso.
-4-
Os pés não sustentam o corpo:
ortografam a sua graça.
-5-
A serenidade é líquido
entre rochas ardentes.
Vá!
“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.” (Amyr Klink)
Lamento
Lamento
Para G.M
Eu lamento teu lamento.
Sonho em nuvens tranquilas...
Eu assolo, desolo, isolo, dessoro, dissolvo...
Sonho com diálogos travados,
Discutimos poesia,
Sonho ser um verso do teu poema não escrito,
Quero ser uma página do teu livro.
Eu sonho a verdade irreal dos teus sonhos.
Literalmente sonho.
Eu escrevo o passado contando o futuro,
Tento te prender dentro de aspas,
mas você foge, e nos perdemos nelas.
Eu acordo mudo,
surdo,
sozinho,
E com sono.
***...um dia você vai ler em meus escritos as letras molhadas das suas iniciais.
Alexandre Pedro
***Este poema tem seus DIREITOS AUTORAIS registrados na Biblioteca Nacional. Reprodução somente possível com pré autorização do autor, Alexandre N. Pedro.
http://www.bn.br/portal/index.jsp?plugin=FbnBuscaEDA&radio=CpfCnpj&codPer=15918944842
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Definições definitivas...
Há duas épocas na vida, infância e velhice, em que a felicidade está numa caixa de bombons.
Bertrand Russell
terça-feira, 19 de abril de 2011
Definições definitivas...
Se nos fosse dado o poder mágico de ler na mente uns dos outros, o primeiro efeito seria sem dúvida o fim de todas as amizades.
Bertrand Russell
Como se Pode Dizer "Blog" no Rio Grande do Sul?
Não sou contra e nem tenho preconceito com os comunistas, mas eles têm cada idéia que.... francamente.
Hoje a Assembléia Legislativa do RS aprovou proposta do deputado Raul Carrion (PCdo B-RS) para reduzir o uso do "estrangeirismo". Ou seja esse projeto obriga a tradução de expressões ou palavras estrangeiras para a língua portuguesa.
E agora? Como, nós gaúchos em terras guascas, vamos chamar Blog, Twitter, Facebook, Reply, Mouse?
Blog, pelo que sei, é uma contração da expressão inglesa weblog. Log significa diário, como o diário de um capitão de navio. Weblog, portanto, é uma espécie de diário mantido na internet por um ou mais autores regulares, conforme leio aqui .
Doravante, se você está no RS isso aqui tem de ser traduzido: não pode ser chamado simplesmente de Blog, mas de Diário de Internet
Índios
ÍNDIOS: cidades ainda não reconhecem direitos indígenas e falta acesso a serviços e ao trabalho
Rodrigo Salles
Mesmo com órgãos governamentais e leis que os protegem, os indígenas têm enormes dificuldades para viver no meio urbano. A entrada no mercado de trabalho e o acesso a serviços públicos essenciais oferecem diversos obstáculos a essas pessoas. "Indígenas são tratados como seres inexistentes nas cidades paulistas", revela Marcos Aguiar, coordenador há 12 anos do projeto "Índios da Cidade", da ONG Opção Brasil.
De acordo com a entidade, existem cerca de 90 mil indígenas, das mais variadas etnias, vivendo em áreas urbanas no Estado de São Paulo, 4 mil somente na macrorregião de Campinas. A maior concentração está na região metropolitana da Capital, com cerca de 60 mil.
Outro dado relevante e pouco conhecido são as 37 aldeias indígenas localizadas dentro de São Paulo. É o maior contingente de indígenas do país, perdendo apenas para o Amazonas.
"O preconceito contra o índio é maior do que com os negros. Muitos têm que esconder sua origem para conseguir emprego, porque os índios tem prerrogativas diferentes dos demais trabalhadores, e os patrões fazem cara feia", conta João Dias Gama, pertencente à etnia Caimbé, representada por 120 famílias nas cidades paulistas.
Avani Florentino, do povo Fulni-ô, critica a mentalidade vigente que dita que lugar de índio é na aldeia. "Somos tratados como incapazes de dirigir nossos próprios destinos, ter autonomia. Nas aldeias ainda são proibidas bebidas alcoólicas. Queremos preservar nossa cultura, mas também precisamos de cidadania plena", declara.
A pedagoga e pesquisadora Chirley Maria de Souza Almeida Santos, da etnia Pankará, afirma que o ensino oficial, além de não reconhecer a diversidade cultural indígena, não tem nem mesmo dados de quantas crianças dessas etnias estudam na rede pública. "Não existe sequer um levantamento da demanda educacional desses estudantes. Não se ensina a diferença entre as centenas de povos indígenas que vivem no país."
Aguiar explica que a falta de políticas públicas para os indígenas que vivem em centros urbanos vem desde erros de conceituação. "Usam-se ainda termos como desaldeiados ou urbanos para os índios que moram em cidade. Isso infere que eles não estão no seu lugar, que não podem pertencer à sociedade dos homens brancos", conclui.
Fonte: http://jornalcidade.uol.com.br/rioclaro/intervalo/intervalo/64124-iNDIOS:-cidades-ainda-nao-reconhecem-direitos-indigenas-e-falta-acesso-a-servicos-e-ao-trabalho
Rodrigo Salles
Mesmo com órgãos governamentais e leis que os protegem, os indígenas têm enormes dificuldades para viver no meio urbano. A entrada no mercado de trabalho e o acesso a serviços públicos essenciais oferecem diversos obstáculos a essas pessoas. "Indígenas são tratados como seres inexistentes nas cidades paulistas", revela Marcos Aguiar, coordenador há 12 anos do projeto "Índios da Cidade", da ONG Opção Brasil.
De acordo com a entidade, existem cerca de 90 mil indígenas, das mais variadas etnias, vivendo em áreas urbanas no Estado de São Paulo, 4 mil somente na macrorregião de Campinas. A maior concentração está na região metropolitana da Capital, com cerca de 60 mil.
Outro dado relevante e pouco conhecido são as 37 aldeias indígenas localizadas dentro de São Paulo. É o maior contingente de indígenas do país, perdendo apenas para o Amazonas.
"O preconceito contra o índio é maior do que com os negros. Muitos têm que esconder sua origem para conseguir emprego, porque os índios tem prerrogativas diferentes dos demais trabalhadores, e os patrões fazem cara feia", conta João Dias Gama, pertencente à etnia Caimbé, representada por 120 famílias nas cidades paulistas.
Avani Florentino, do povo Fulni-ô, critica a mentalidade vigente que dita que lugar de índio é na aldeia. "Somos tratados como incapazes de dirigir nossos próprios destinos, ter autonomia. Nas aldeias ainda são proibidas bebidas alcoólicas. Queremos preservar nossa cultura, mas também precisamos de cidadania plena", declara.
A pedagoga e pesquisadora Chirley Maria de Souza Almeida Santos, da etnia Pankará, afirma que o ensino oficial, além de não reconhecer a diversidade cultural indígena, não tem nem mesmo dados de quantas crianças dessas etnias estudam na rede pública. "Não existe sequer um levantamento da demanda educacional desses estudantes. Não se ensina a diferença entre as centenas de povos indígenas que vivem no país."
Aguiar explica que a falta de políticas públicas para os indígenas que vivem em centros urbanos vem desde erros de conceituação. "Usam-se ainda termos como desaldeiados ou urbanos para os índios que moram em cidade. Isso infere que eles não estão no seu lugar, que não podem pertencer à sociedade dos homens brancos", conclui.
Fonte: http://jornalcidade.uol.com.br/rioclaro/intervalo/intervalo/64124-iNDIOS:-cidades-ainda-nao-reconhecem-direitos-indigenas-e-falta-acesso-a-servicos-e-ao-trabalho
segunda-feira, 18 de abril de 2011
domingo, 17 de abril de 2011
Intacta
Acaricia os meus cabelos para espiar o meu sono e ver o meu afeto correndo feito a sua água; acaricia os meus cabelos para dar forma aos risos e fazer deles a sua nuvem de um céu distante; acaricia os meus cabelos para recolher os meus desejos e manter-me intacta dentro do rasgo de seu amor inteiro.
Da arte de falar sozinha
sábado, 16 de abril de 2011
Definições definitivas...
Uma feijoada só é realmente completa quando tem uma ambulância de plantão.
A Única Maneira de Libertar-se de Uma Tentação É Entregar-se a Ela (Oscar Wilde)
A única maneira de libertar-se de uma tentação é entregar-se a ela. Resista, e sua alma adoecerá de desejo das coisas que ela a si mesma se proibiu, com o desejo daquilo que suas leis monstruosas tornaram monstruoso e ilícito.
Direção: Oliver Parker
Elenco: Colin Firth, Ben Barnes, Rachel Hurd-Wood, Rebecca Hall, Emilia Fox, Ben Chaplin, Caroline Goodall.
Produção: Barnaby Thompson
Nacionalidade/Ano: Reino Unido/2009
Duração: 112 min
sexta-feira, 15 de abril de 2011
O sonhado relatório para a Fifa
Por RAFA KLEIN*
Tive um sonho esquisito.
Sonhei que o Joseph Blatter me ligava para falar da Copa de 2014 (eu preferia que fosse a Gisele Büdchen, mas fazer o quê, não dá para manda nos sonhos da gente).
Ele me cobrava uma resposta final sobre estádios e projetos de melhorias das cidades-sede.
Sem saber o que falar, argumentei que faltavam ainda três anos para 2014, que temos muito tempo, e todas essas coisas que diz quem está atrasado nas suas obrigações.
Ele respondeu aos berros: “2014 é amanhã. E vocês, brasileiros, deixam tudo para depois de amanhã.”
Diante da bronca, fiz um relatório tentando mostrar ao Zé Blatter que está tudo bem e que a Copa aqui vai ser um sucesso:
Expliquei que o Rio está bem avançado, com 3 estádios prontos: o Engenhão, o de Volta Redonda e o de Macaé.
Como o Engenhão não caiu nas graças do torcedor, eu sugeri fazer a abertura em Macaé, evitando a Linha Vermelha, que é tranquila, mas sofre eventualmente de congestionamento de arrastões.
O problema da mobilidade urbana de São Paulo já estaria resolvido, porque em 2014 todos andarão a pé, queiram ou não.
Estádio também não é problema.
O Fielzão já está pronto no computador e, ainda assim, argumentei que se os jogos forem realizados no terreno como está, vai caber muito mais gente do que em no estádio depois de construído.
Uma inovação que só uma Copa no Brasil poderia trazer.
No Rio Grande do Sul, tem o estádio do Inter em fase avançada de reformas, mas como não gostamos de nada fácil, devemos realizar os jogos no ainda não existente estádio do Grêmio.
O Rio Grande do Norte tem problemas, é verdade, mas temos um plano B que é usar o estádio do Inter como base.
A distância não será problema, é tudo Rio Grande mesmo.
Em Salvador tem o maior metrô do mundo, tanto que levou mais de 20 anos para ficar pronto desde que começou a ser construído.
E, convenhamos, o que é que tem funcionar apenas 4 km durante a Copa se ele é o maior do mundo?
E disse mais.
Que o estádio de Recife não vai ter dono, mas vai ser absolutamente viável.
Que em Brasília o estádio é adequado, sim, aos tamanhos dos times locais que são Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo.
E que 30% dos aeroportos utilizados na Copa estarão operando dentro da capacidade, o que é um crescimento de 30% em relação ao que a gente tem hoje.
Enfim, não temos com o que nos preocupar.
Depois da explicação ele desligou o telefone berrando de felicidade.
Acordei e agradeci por não ter que falar com o Blatter novamente ao telefone.
Ele grita muito. Horas depois, li nos jornais que ele andou a elogiar a preparação do Brasil para a Copa de 2014.
De duas, uma: ou tudo era verdade e eu mandei muito bem nas minhas explicações, ou ainda estou sonhando.
*Rafael Klein Pedroso é publicitário.
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Definições definitivas...
Tudo já foi dito uma vez, mas como ninguém escuta é preciso dizer de novo.
A Partida
A Partida
Madrugada perdida, elo perdido.
E eu, vazio, vagando vagava vago.
Pessoas vão e voltam.
Vultos vão e voltam perdidos.
Nas sombras descansam mendigos.
A chuva me caía, tranquila.
Me lavava, nuvens nos velavam.
Me levavam...
Os passos, já não tem pressa, são tranquilos, tristes;
E não seguem caminhos distintos, me seguem.
...em silêncio.
Mas, esta vala só vale a mim.
O escuro vestiu a todos,
mas é a mim que a cova aguarda.
Velam, no vale, em volta da vala, meu corpo.
Enfim, uma flor de cravo desprende das mãos de meu filho,
e crava em meu peito a Verdade.
Então, meu corpo caiu pesado na terra molhada...
...e na fria lápide estava escrito meu nome.
Alexandre Pedro
Meu Blog: http://carceredoser.blogspot.com/
***Este poema tem seus DIREITOS AUTORAIS registrados na Biblioteca Nacional. Reprodução somente possível com pré autorização do autor, Alexandre N. Pedro.
http://www.bn.br/portal/index.jsp?plugin=FbnBuscaEDA&radio=CpfCnpj&codPer=15918944842
quarta-feira, 13 de abril de 2011
de Machado de Assis
" A mentira é dessas criadas que se dão pressa em responder às visitas que "a senhora saiu " quando a senhora não quer falar a ninguém ".
Ana Hatherly, Os sumérios eram sumários
os sumérios eram sumários
e por isso foram sumírios
daí vem que foram semírios
mírios de se ou de si
os sumírios eram sumários sendo sumério
e daí vem que foram sumiros
sumaros e sumêros
os sumários eram suma dos
é daí que vem o sumo
a soma e a suma-a-uma
os sumórios eram sumêdos
porque eram semudos
e mudos de se ou de si
eram sumúrios
os sumúrios eram semílicos
simólicos e simulados
daí vem que amaram a sêmula
a súmula
e o tacão alto
terça-feira, 12 de abril de 2011
Da arte de andar nua
Em preto e branco, joga-se sobre a pele lisa do papel. Misturando os seus cabelos ao assoalho, submete-se à vertigem sonâmbula que desliza sobre a curva de seus segredos, carnes intermináveis como o rastro da madeira que escapa de seus dedos.
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Definições definitivas...
Pelo que vimos nas sondagens dos últimos dias, só existem duas soluções: ou vamos prás ruas lutar ou aprendemos a votar.
Da arte de andar descalça
Não importa, vamos tomar um café enquanto a tua mão escolhe entre a direita e a esquerda, e os ossos arranham a madeira inquieta da tua tolice servida sobre as cartas que guardam a tua tela e as tuas xícaras de ideias desalinhadas diante das bolhas e de tua saliva, sons mergulhados no corte da tua palavra, na ranhura da tua pele sem fato, impura feito a árvore da tua inquietude, tão surpresa e dura como esse par de sapatos que somente me emprestas para que tuas nuvens andem descalças.
domingo, 10 de abril de 2011
Definições definitivas...
Ele tinha momentos ocasionais de silêncio que tornavam sua conversa um prazer.
sábado, 9 de abril de 2011
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Tique e taque
E ali se fica uma tarde, contando as cores das nuvens, girando feito os ponteiros de um relógio escrito no céu, céu azul e mundi, tique e taque de água e de sonhos necessário até para os surdos que o ignoram e não se deixam encantar.
TONS DE AZUL
Vivem nas bermas do mundo
Nos longes do outro
Ela tem oceanos na cabeça
Fantasmas vagueando por lá
Nas areias douradas
Ele percorre os grandes desertos
De ventos e silêncios
Ela dança ao som de mil girassóis
Com o seu vestido de cetim azul
Desenhando sensualidades
De tangos e boleros ecoando na tarde
Ele aquieta-se na calmaria do crepúsculo
Afundando-se com o sol no horizonte
Vidas desaguando em azuis diferentes
Mas adormecem nos sonhos de cada um.
GED
Nos longes do outro
Ela tem oceanos na cabeça
Fantasmas vagueando por lá
Nas areias douradas
Ele percorre os grandes desertos
De ventos e silêncios
Ela dança ao som de mil girassóis
Com o seu vestido de cetim azul
Desenhando sensualidades
De tangos e boleros ecoando na tarde
Ele aquieta-se na calmaria do crepúsculo
Afundando-se com o sol no horizonte
Vidas desaguando em azuis diferentes
Mas adormecem nos sonhos de cada um.
GED
O Brasil Em Estado de Óbito
Do sempre ótimo - Angeli |
Não falei com o meu filho sobre o assunto, mas ele comentou, porque ouviu na escola. Eu disse que foi a primeira vez que esse tipo de tragédia ocorre no Brasil, que já aconteceram em outros lugares como nos EUA e na Finlândia. Na Finlândia, pai? Ele perguntou. Sim, lá no fim do mundo.
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Maçã
Espesso
como uma maçã é espessa.
Como uma maçã
é muito mais espessa
se um homem a come
do que se um homem a vê.
Como é ainda mais espessa
se a fome a come.
Como é ainda muito mais espessa
se não a pode comer
a fome que a vê.
(João Cabral de Melo Neto, Cão Sem Plumas, Parte III, Fábula do Capibaribe)
Na cerimônia que presenciei, trajes de passeio, sapatos lustrosos, senhoras e senhores, autoridades, discursos e tudo mais. O assunto era a dignidade da pessoa humana, terceiro princípio fundamental da Constituição Brasileira. Até que a ilustrativa poesia de João Cabral se sobrepôs e todos, no silêncio absoluto, se postaram a ouvir.
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Raízes
Um passar pela cabeça: inútil dizer. Fosse o que fosse. Passou, então, a ouvir enquanto o silêncio fazia de seu corpo um refúgio sem flor, uma pele além das dimensões de um céu pequeno diante da incompreensão de seus desenraizados dilemas.
Sorria, você está na Bahia
A Bahia é pelo segundo ano consecutivo o estado com maior número de assassinatos de gays, lésbicas e travestis, segundo relatório anual divulgado nesta segunda-feira (4) pelo Grupo Gay da Bahia (GGB). No relatório, o GGB também entrega o troféu "Pau de Sebo" ao deputado Jair Bolsonaro (PP), "considerando que sua cruzada antigay estimula a prática de crimes homofóbicos".
Em todo o Brasil, 260 assassinatos de gays, lésbicas e travestis foram registrados - 62 mortes a mais do que 2009. Na Bahia, foram 29 homicídios. Com 43% dos casos, o Nordeste é a região que tem mais homicídios de homossexuais e travestis. Levando em conta o número da população, Alagoas é o estado com maior número de morte de homossexuais e travestis por habitantes.
Considerando as capitais, Maceió é a que tem o maior número de gays assassinados - 9 homicídios; em Salvador foram 8, 7 no Rio de Janeiro e 3 mortes em São Paulo.
Segundo dados do GGB, 43% dos homicídios foram a tiros, 27% a facadas, 18% por espancamento e 17% por sufocamneto ou enforcado. O grupo ainda comparou os dados do Brasil com os coletados nos EUA, onde são registrados 14 assassinatos de travestis em 2010 - no Brasil foram 110. De acordo com o grupo, o risco de um homossexual ser assassinado no Brasil é 785% maior que nos EUA.
Fonte: http://aguilho-tina.blogspot.com/2011/04/bahia-e-terra-da-homofobia.html
Na Berma de Nenhuma Estrada
Deu na FOLHA de São Paulo
74% dos tribunais terão de adaptar horário
Entidades de juízes e servidores se mobilizam contra resolução que padroniza atendimento ao público das 9h às 18h
Argumento é falta de recursos para adotar medida; ampliação pode fazer demanda aumentar na Justiça
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO
Cerca de 74% dos tribunais estaduais do país estão fora dos padrões da resolução do Conselho Nacional de Justiça que determina atendimento ao público de segunda à sexta-feira das 9h às 18h.
Em apenas 7 dos 27 deles o cidadão é recebido durante nove ou mais horas diárias.
Ao padronizar o horário de atendimento dos tribunais de Justiça e fóruns, o conselho pretende ampliar as chances de o cidadão comum consultar processos e obter informações sobre como proceder nas questões judiciais que envolvem seu nome.
O período para a realização das audiências também poderá ser esticado. A expectativa é que, com o maior acesso da população ao Judiciário, o número de processos aumente ainda mais.
A resolução entrará em vigor quando for publicada no "Diário Oficial da Justiça". Ainda não há prazo para isso.
Para representantes dos tribunais de Justiça e da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), a resolução é inconstitucional porque caberia aos Estados definirem os seus horários.
Presidente do Colégio Permanente dos Tribunais de Justiça, Marcus Faver diz que os recursos são escassos e haverá dificuldade na hora de readequar os funcionários.
Faver e o vice-presidente administrativo da AMB, Marcos Daros, dizem que, se o CNJ não mudar a resolução, as entidades poderão recorrer ao Supremo Tribunal Federal.
Ambos afirmam que cada Estado tem uma cultura diferente e, por isso, sabem qual é o melhor horário. No Norte e no Nordeste, por exemplo, o horário mais adequado seria pela manhã por conta do intenso calor, segundo eles.
Presidente da OAB, Ophir Cavalcante criticou os juízes contrários à decisão. "A toga é indumentária, não escudo para justificar diferenciação dos demais trabalhadores."
A Federação Nacional dos Servidores do Judiciário ameaça parar na quarta-feira da semana que vem. A entidade defende a ampliação do horário para 12 horas diárias, divididas em dois turnos.
Levantamento da Folha mostra que em Pernambuco, Pará, Alagoas e Sergipe o atendimento é mais restrito que nos demais Estados. Quem precisar ir ao fórum tem seis horas por dia para fazê-lo. Alguns só funcionam das 7h às 13h.
Um caso que chama a atenção é o da Paraíba. Lá, os servidores têm um horário diferenciado às sextas-feiras, quando trabalham até as 14h. De segunda a quinta, o expediente é das 12h às 19h.
Em São Paulo, há uma situação diferenciada. A população só tem acesso a partir das 12h30. Mas advogados e seus estagiários podem entrar nos fóruns e tribunais estaduais já a partir das 9h.
Argumento é falta de recursos para adotar medida; ampliação pode fazer demanda aumentar na Justiça
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO
Cerca de 74% dos tribunais estaduais do país estão fora dos padrões da resolução do Conselho Nacional de Justiça que determina atendimento ao público de segunda à sexta-feira das 9h às 18h.
Em apenas 7 dos 27 deles o cidadão é recebido durante nove ou mais horas diárias.
Ao padronizar o horário de atendimento dos tribunais de Justiça e fóruns, o conselho pretende ampliar as chances de o cidadão comum consultar processos e obter informações sobre como proceder nas questões judiciais que envolvem seu nome.
O período para a realização das audiências também poderá ser esticado. A expectativa é que, com o maior acesso da população ao Judiciário, o número de processos aumente ainda mais.
A resolução entrará em vigor quando for publicada no "Diário Oficial da Justiça". Ainda não há prazo para isso.
Para representantes dos tribunais de Justiça e da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), a resolução é inconstitucional porque caberia aos Estados definirem os seus horários.
Presidente do Colégio Permanente dos Tribunais de Justiça, Marcus Faver diz que os recursos são escassos e haverá dificuldade na hora de readequar os funcionários.
Faver e o vice-presidente administrativo da AMB, Marcos Daros, dizem que, se o CNJ não mudar a resolução, as entidades poderão recorrer ao Supremo Tribunal Federal.
Ambos afirmam que cada Estado tem uma cultura diferente e, por isso, sabem qual é o melhor horário. No Norte e no Nordeste, por exemplo, o horário mais adequado seria pela manhã por conta do intenso calor, segundo eles.
Presidente da OAB, Ophir Cavalcante criticou os juízes contrários à decisão. "A toga é indumentária, não escudo para justificar diferenciação dos demais trabalhadores."
A Federação Nacional dos Servidores do Judiciário ameaça parar na quarta-feira da semana que vem. A entidade defende a ampliação do horário para 12 horas diárias, divididas em dois turnos.
Levantamento da Folha mostra que em Pernambuco, Pará, Alagoas e Sergipe o atendimento é mais restrito que nos demais Estados. Quem precisar ir ao fórum tem seis horas por dia para fazê-lo. Alguns só funcionam das 7h às 13h.
Um caso que chama a atenção é o da Paraíba. Lá, os servidores têm um horário diferenciado às sextas-feiras, quando trabalham até as 14h. De segunda a quinta, o expediente é das 12h às 19h.
Em São Paulo, há uma situação diferenciada. A população só tem acesso a partir das 12h30. Mas advogados e seus estagiários podem entrar nos fóruns e tribunais estaduais já a partir das 9h.
terça-feira, 5 de abril de 2011
Definições definitivas...
Um solteiro pode ser tão idiota quanto um homem casado,
mas ele ouve isso menos vezes.
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Definições definitivas...
O casamento é como uma armadilha para enguias: as que estão fora
querem entrar e as que estão dentro querem sair.
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