segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

UPP

eu percebi que o problema era tentar usar imagens pacíficas pra falar de um momento de grande violência, e que não adiantava tentar diluir minha opinião com piadinhas e anedotas sofisticadas que criassem na mente do leitor a impressão completa do que o rio é, violencia, idiotice e beleza, tudo junto. eu não sou tão genial.
não vou mais falar sobre a personalidade arrogante e cheia de estereótipos do carioca e outras questões futeis nesse momento. não é hora pra ser o herói rebelde de classe média que critica a opinião geral pra não parecer óbvio…
a gente dá nó em pingo dágua pra nunca ser politicamente incorreto hoje em dia… e é óbvio que o que aconteceu era necessário.
o problema é que no rio de janeiro o crime é uma opção oficial. não é uma coisa tão vergonhosa ser criminoso pra uma pessoa pobre… existe uma micro sociedade que aceita isso e a sociedade maior, também aceita por que “o que é que se vai fazer?” 
aí não é dificil virar bandido…
matar gente é sério… eles estão vendo gente morrer e o povo aplaudir…
é coisa de se pensar…”é eu acho que eles não querem mais…”
esse é meu pensamento.. ser criminoso tem que ser errado.
podem me chamar de fascista…
meu unico medo agora é que o rio de janeiro vire display do poder de fogo do exército toda vez que der uma merda… e isso já tá acontecendo nos jornais. mostrando descrições dos tanques e armas de fogo como se fosse um catálogo da victoria secret pra reacionário.
minha análise politica dos fatos é superficial quanto qualquer outra.
eu também sou da classe média e sou um idiota notório.
só falei o que eu acho, e pensando mais a respeito, continuo achando a mesma coisa.
com um detalhe à parte. eu vi hoje no jornal que os policiais estão roubando
as casas dos moradores… e aí eu pensei que devia adicionar alguns detalhes
a mais no texto. só que aí não teria fim. por isso o farei aqui:
eu tava falando sobre umas histórias brabas que uma mulher da cidade de deus
qu eu conheci na época que botaram a UPP de lá me disse.
eu perguntei justamente sobre essas paradas, da policia estar abusando do poder,
se estava, se funcionava, mesmo…
ela me disse que a unica coisa ruim é que estava um pouco chato lá agora, que
rolava um baile funk barra pesada, daqueles baixaria alucinante, e agora não
tinha mais…
mas que em compensação, antes ela viu um cara pegando fogo, no meio da rua,
dentro de um latão de lixo. que viu uma mulher enfaixada que nem mumia ser
jogada viva dentro do triturador de lixo do caminhão da conlurb e se o motorista
se recusasse a ligar o motor do bicho ele ia também… que era normal achar cabeça
em lata de lixo…
tudo isso quem me contou foi uma faxineira, era uma velha, não era uma menina,
e não foi tipo “ah, que absurdo!” foi tão natural, que eu não duvidei… pode ser
mentira… mas…
só que aí aparece essa porra no jornal, de que os policiais estão saqueando as
casas da vila cruzeiro… casa de favelado duro…
ou seja. a parada vai ser um ciclo eterno… algum dia o regime policial vai voltar
a ser um negócio fascista pra caralho, corrupto e furioso e alguma milicia de bandidos
vai matar todo mundo e vai ficar um pouco melhor pra população de lá.
aí os bandidos vão perder a mão e começar a matar gente embrulhada em fita no caminhão
da comlurb e essa dança continua…
eu acho que é assim que as coisas ficam. eternamente. o ser humano é lixo em essencia.
por isso a inteligencia é um negócio marailhoso, por que afasta a gente do bicho que
a gente é. mas usar a inteligencia cansa e é difícil…
então o equilibrio chega por essa via, de vai e volta… ação e reação… infelizmente.
principalmente por que a malandragem é parte fundamental da cultura carioca, então
é assim que tudo vai ficar pra sempre, na minha opinião. meu palpite é que vai baginçar
de novo depois das olimpíadas (ou da copa, o que vier depois)
 
PS: textos de Daniel Og 

2 comentários:

  1. Daniel: Você pode estar correto em muitas partes do texto, mas não concordo que carioca seja arrogante.Carioca é carioca, um pouco ainda imperial. Não foram a capital do Brasil ? Os caras têm uma certa estirpe. Vamos aguardar para ver se o tempo dá razão às providências policiais. Acho, como diz o Tiririca, que pior não ficará. Abraço.
    Abraço.

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  2. eita!
    voce não usou só o meu texto, usou minha resposta também! valeu!
    acho que o comentário que eu fiz depois pra voce e o calote realmente completavam o texto, às vezes eu sinto que o texto sozinho, sem os exemplos reais dos comentários, pode dar uma idéia errada de que eu sou contra a ação da polícia ou a favor demais... foi um texto que eu me senti bem conflitado (?) em postar, mas achei também que como carioca eu tinha a obrigação de tocar no assunto, senão eu não passaria de um menino mongo com um blog....

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    paulo, eu sou carioca! hahahaa

    eu concordo que o nosso passado como império construiu muito da personalidade da cidade... essa auto-estima de socialite derrotada que o carioca tem...
    mas o problema é que essa nossa postura nos prende em uma época, em um tempo, que não existe mais... o rio de janeiro já não é mais a cidade maravilhosa dos anos 50 nem é império... é só um velho gordo parado na porta de uma boite, assoviando pras meninas de 16 anos usando um sotaque grosseiro e tentando convencer o mundo que um dia já foi gatinho.

    mas eu amo essa cidade... não pelo que o manuel carlos escreve na novela das 8...
    voce precisa morar aqui pra entender meu ponto de vista sobre esse lugar. é um organismo vivo... é anarquico sem fazer nenhuma força. e tem aquele charme boêmio do velho bebado na porta da boite, que diferente da maioria dos pervertidos, REALMENTE foi um gigante um dia.

    abraços fortes!
    meu velho tarde, obrigado pelo espaço e desculpa pela demora a responder.

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