quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Futebol nos ensina cedo euforia e o sofrimento profundo. É aula de vida

por Mauro Cezar Pereira, blogueiro do ESPN.com.br
"Não, eu não vou escrever sobre o jogo. Dane-se o que aconteceu nas quatro linhas, o sistema, o esquema, o 4-3-2-1, o 3-5-2, as duas linhas de quatro, o diabo. Coloquei as cervejas para gelar e me preparei para assistir Palmeiras x Goiás sem muita expectativa, ainda mais depois do fraco encontro entre os dois times, uma semana antes.
Minha missão era acompanhar atentamente a peleja, escrever as últimas linhas para a minha coluna semanal no jornal Marca.BR e publicar um post aqui no blog. Depois, dormir. Fui surpreendido. O duelo do Pacaembu foi mais do que eu esperava. E jamais será esquecido. E não só pela chance de ver mais uma das surpresas esportivas que só o futebol consegue proporcionar.
A imagem do pequeno "japonesinho" palmeirense aos prantos, incrédulo, diante do fracasso do seu time de coração foi marcante. Incrível, você está vendo um jogo que tem tudo para ser apenas mais um e repentinamente as coisas viram e a TV lhe mostra uma cena forte, impactante. O menino chorava, chorava e chorava. E não chorava à toa.
A
O pequeno torcedor chorava por seu clube de coração, sim, aquele que irá amar pela vida toda, de forma incondicional, aconteça o que acontecer. Porque o futebol é isso, é muito mais do que direitos federativos, de televisão, patrocínios e projetos marqueteiros capitaneados por oportunistas de toda ordem. Só o nosso esporte faz uma criança sofrer como um adulto e um adulto virar criança.
B
Lugares marcados em "arenas" com telões em atmosferas que tentam transformar o nosso jogo numa espécie de teatro. Jogadores sem vínculo e muitas vezes sequer respeito pelas camisas que vestem. O dinheiro, e só ele, ditando as normas, os caminhos, as tendências. Tudo isso forma o chamado "futebol moderno" que eu odeio, como muita gente odeia.
C
O "esporte bretão" pode comportar espaços confortáveis para quem os deseja, mas precisa de envolvimento, conexão entre quem joga e quem torce. Não, a camisa não pode deixar de ser o elo maior da paixão das pessoas pelo jogo, pelo time. E na derrota para o Goiás o choro do "japinha" foi forte, cortante, linda e emocionante cena.
A paixão dele pelo Palmeiras vale mais do que qualquer taça. E é por isso que o clube continuará sendo um grande. O futebol é assim, ensina desde cedo o que é euforia extrema e sofrimento profundo. É aula de vida. E e por essas e outras que nós adoramos isso.
E nunca é demais lembrar: melhor do que vencer é ter um time pelo qual torcer."

2 comentários:

  1. Talvez eu saiba o que o menino estava sentindo, e é doloroso. Sou Palmeirense, meus amigos me dizem fanático; eu não chorei neste dia, talvez por ser adulto e, como tal, “não se pode chorar por uma bobagem dessas”, mas é real que já perdemos muita da consideração pela camisa por parte dos profissionais dessa modalidade do esporte. Eles não sabem o valor da “camisa”, sobre tudo em nossa sociedade onde temos um lastro muito forte culturalmente com o futebol. Tenho mil coisas pra falar sobre isso, mas não vou prolongar meu comentário, no entanto acreditem: os torcedores amam a camisa do seu time. É verdade que os homens dominam o mundo, e é igualmente verdade que os símbolos dominam os homens.

    ##

    ResponderExcluir
  2. Tarde e Diego, sinto muito, mas na quarta-feira passada torci, torci e torci desesperadamente -- como se o imortal tricolor estivesse em campo --..... para o Goiás. Gosto muito do Felipão, mas que se dane o Felipão. E hoje, paradoxalmente, vou torcer, torcer e torcer desesperadamente -- como se o imortal tricolor fosse jogar -- para nossos amigos e hermanos do Independiente de Avellaneda.

    ResponderExcluir