Um homem da aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir ao céu.
Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas.
- O mundo é isso - revelou - Um montão de gente, um mar de fogueirinhas.
Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.
Extraído de O Livro dos Abraços, de Eduardo Galeano, escritor e jornalista uruguaio.
Muito legal.
ResponderExcluirSerá que pode um fogo pequeno se tornar uma grande fogueira e passar a incendiar brasas ainda frias?
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Depende dos ventos! né Diego. Um fogo pequeno pode muito bem expandir-se e se alastrar pelas redondezas, e, se as "brasas frias" estiverem por perto...
ResponderExcluirnão terão como escapar :) é incêndio na certa!!
Coisa boa Cirandeira, minha Flor poder ler algo de Galeano. Parece que esse texto foi escrito HOJE não é não?! Esse ano estamos cada vez nos surprendendo mais em descobrir fogueirinhas e mais fogueirinhas aqui e acolá...
ResponderExcluirPara você: "Vida cigana. As coisas me acompanham e vão embora. São minhas de noite, perco-as de dia. Não estou preso às coisas; elas não decidem nada." Eduardo Galeano
Sil
Obrigada, Sílvia. Gosto muito do Galeano, e
ResponderExcluirquando lí esse texto dele, achei-o incrível. Hoje,relendo-o, acho-o mais incrível do que antes...:)
cirandeira