sexta-feira, 12 de maio de 2017

A cidade amanhece sempre igual

Um sol ou nuvens
ruídos intrusos
na marcha horizontal
dos horários e agendas.

Aqui e ali um impropério
um tropeço na calçada mal feita
um aceno
um encontro inesperado.

A cidade promete o mesmo
roteiro de um dia normal
céu nublado ou chuva forte
um frio na tarde cômoda.

Os que passam por ela
(os mesmos de ontem)
tem perguntas novas
mas talvez não queiram respostas.

A cidade é um deserto e um abrigo
uma cápsula de comprimido
um copo cheio e também vazio
alto da montanha e planalto a perder de vista
roda viva e da fortuna
e num jogo de dados
(todo dia outro alvo)
a cidade mata,
a cidade abençoa
a cidade berra
silencia, violenta, cobra caro
e faz milagres.

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