quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
Palavra
Dizer a última palavra sobre o assunto é
menosprezar a potencialidade do assunto.
***
A palavra e o ato vivem em conflito,
e este geralmente vence.
***
As palavras fogem quando precisamos delas
e sobram quando não pretendemos usá-las.
***
O poeta lança a palavra que ninguém usará,
e orgulha-se disto.
Carlos Drummond de Andrade, em O Avesso das Coisas
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
Manuel Tolentino de Almeida, A uma Velha presumida
SONETO XXVII.
Debalde sobre a face encarquilhada
Pendendo louros bugres emprestados,
Dás inda ao louco amor teus vãos cuidados,
Em carmins enganosos confiada.
Dás inda ao louco amor teus vãos cuidados,
Em carmins enganosos confiada.
Postiça formosura, em vão comprada,
Não torna atraz os annos apressados:
Nem alvos dentes de marfim talhados,
Tornão em nova a tremula queixada.
Nem alvos dentes de marfim talhados,
Tornão em nova a tremula queixada.
De ti no mesmo tempo que do Gama
Cantou mil bens a Deosa Trombeteira,
A que os baixos Poetas chamão Fama:
A que os baixos Poetas chamão Fama:
Porém sempre ficaste em boa esteira;
Porque, se já não prestas para dama,
Inda serves mui bem como terceira.
Inda serves mui bem como terceira.
segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014
Hilda Hilst
I
Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo
Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses...
E era como se a água
Desejasse
Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, sem tocar a margem.
Te olhei. E há um tempo
Entendo que sou terra. Há tempo espero
Que teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu
Pastor e nauta.
Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.
Em Dez chamamentos ao amigo
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
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