sábado, 17 de agosto de 2013

Domicílio


 
 
O apartamento abria
janelas para o mundo. Crianças vinham
colher na maresia essas notícias
da vida por viver ou da inconsciente
 
saudade de nós mesmos. A pobreza
da terra era maior entre os metais
que a rua misturava a feios corpos,
duvidosos, na pressa. E do terraço
 
em solitude os ecos refluíam
e cada exílio em muitos se tornava
e outra cidade fora da cidade
 
na garra de um anzol ía subindo,
adunca pescaria, mal difuso.,
problema de existir, amor sem uso.
 
 
Carlos Drummond de Andrade, em Antologia Poética

Um comentário:

  1. Na minha prateleira mais alta, habita este Carlos.
    Gauche.
    Drumundo.

    Beijão, Crirandeira.

    R.

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