J.R.Duran
Vibrar, viver.
Vibra o abismo etéreo à música das esferas;
vibra a convulsão do verme,
no segredo subterrâneo dos túmulos.
Vive a luz, vive o perfume,
vive o som, vive a putrefação.
Vivem à semelhança os ânimos.
A harpa do sentimento canta no peito,
ora o entusiasmo, um hino,
ora o adágio oscilante da cisma.
A cada nota, uma cor,
tal qual nas vibrações da luz.
O conjunto é a sinfonia das paixões.
Eleva-se a gradação cromática
até à suprema intensidade rutilante;
baixa à profunda e escura vibração das elegias.
Sonoridade, colorido: eis o sentimento.
Daí o simbolismo popular das cores.
Raul Pompéia,
Angra dos Reis (RJ) 1863-1895
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