sábado, 22 de março de 2014

Vibrações

J.R.Duran
 


 

Vibrar, viver.
 Vibra o abismo etéreo à música das esferas;
 vibra a convulsão do verme,
 no segredo subterrâneo dos túmulos.
 Vive a luz, vive o perfume,
 vive o som, vive a putrefação.
 Vivem à semelhança os ânimos.
 A harpa do sentimento canta no peito,
 ora o entusiasmo, um hino,
 ora o adágio oscilante da cisma.
 A cada nota, uma cor,
 tal qual nas vibrações da luz.
O conjunto é a sinfonia das paixões.
 Eleva-se a gradação cromática
 até à suprema intensidade rutilante;
 baixa à profunda e escura vibração das elegias.
 Sonoridade, colorido: eis o sentimento.
 Daí o simbolismo popular das cores.
 
  Raul Pompéia,  Angra dos Reis (RJ) 1863-1895 .

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