quarta-feira, 31 de março de 2010
Pasión
No me olvides
yo me muero
Amor
mi vida es sufrimiento
Yo
te quiero en mi camino
Por vos
cambiaba mi destino
Ay,
abrázame esta noche
aunque no tengas ganas
prefiero que me mientas
tristes breves nuestras vidas
acércate a mí
abrázame a ti por Dios
entrégate a mis brazos.
Tengo
un corazón penando
Yo sé
que vos lo está escuchando
Con
mil lágrimas te quiero
Pasión
sos mi amor sincero
Ay,
abrázame esta noche
aunque no tengas ganas
prefiero que me mientas
tristes breves nuestras vidas
acércate a mí
abrázame a ti por Dios
entrégate a mis brazos
A Festa e o Dourado
E ganhou o Dourado, mas quem é o Dourado?
Abortando Idéias.
Tal qual Sócrates se considerava um parteiro de pensamentos, ajudando aqueles que pensam que não sabem descobrirem que sabem mais do que pensam, me vejo num festival de abortos de idéias logo no início do meu curso. Quando se é crinaça se tem medo dos meninos da oitava, no primeiro ano você bate nos da oitava e tem medo dos do terceirão. No terceirão você não bate em ninguém, porque tem de estudar, e tem medo do vestibular. Tudo bem, você venceu o vestibular, todo mundo quer cortar seu cabelo, te chamar de calouro ou bixo mas você descobre que o vestibular é fácil, você tem medo dos veteranos, das provas chegando, do cara nerd que anda com uma faca no cinto, medo de parecer burro, medo de desistir e pricipalmente medo da prova de anatomia 1 que você vai ter depois suas 2 primeiras aulas, antes disso você só tinha visto ossos de bovino em churrascarias. Difícil mesmo é sair da universidade. Vejo talvez que o blog não seria tão interessante quanto eu pensava, até porque nele eu colocaria todos os dias, fui e voltei da UFLA, estudei todas as matérias possíveis, e aprendi matemática finalmente, mesmo que no curso de veterinária. A vida se resumiu a isso. Claro que eu num vou contar que meu primeiro porre da vida se deu logo com dois dias de liberdade. AHAUHAUHAUHAUHAUAHUAHAU. Mas afinal, a vida parece ser boa, existe algo além da Anatomia 1, e se fazem muitas coisas além de estudar na casa das "amigas". O difícil é sair, mas quem disse que eu quero ?! Uma nova fase, numa nova vida, escrever não sei se ainda será válido, até porque não sobra espaço pra imaginação. Agora me deem licença, tenho de lavar minhas própias roupas. Outra coisa, se alguém quiser doar um Lap Top, ou uma biblioteca de livors literários, eu to aceitando. De resto é só, você tem mais notícias minhas que minha mãe. Me desejem sorte. Quem ainda quiser um blogue comenta, não quero escrever para as moscas on-line.
Liberdade
Aproveitar esse bem é também uma forma de prestarmos homenagem a quem o conseguiu. Não nos alhearmos do mundo, fazer o que gostamos com prazer, não nos deixarmos influenciar por outras coisas senão a procura do nosso bem estar e do daqueles que nos rodeiam, e lutar por aquilo que pensamos ser o melhor para todos. Pensamos...porque também podemos estar errados, mas isso faz parte da maravilha que é ser livre.
Amar, respeitar, ouvir, falar, criticar e sobretudo partilhar o nosso modo de ver o mundo para darmos um pouco de nós e recebermos um pouco dos outros.
Excerto do texto liberdade, publicado no devaneiosdeloucura.blogspot.com a 9/01/2010
E todos os dias isto é importante, gosto de lembrar que a nossa liberdade acaba onde começa a liberdade dos outros, respeitar os direitos fundamentais de cada um e sobretudo as suas ideias é a meu ver um principio básico.
terça-feira, 30 de março de 2010
Saúde...
"Saúde"...de Rita Lee
Me cansei de lero-lero
Dá licença, mas eu vou sair do sério
Quero mais saúde
Me cansei de escutar opiniões
De como ter um mundo melhor
Mas ninguém sai de cima, nesse chove-não-molha
Eu sei que agora eu vou é cuidar mais de mim
Como vai? Tudo bem
Apesar, contudo, todavia, mas, porém
As águas vão rolar, não vou chorar
Se por acaso morrer do coração
É sinal que amei demais
Mas enquanto estou viva e cheia de graça
Talvez ainda faça um monte de gente feliz
Como vai? Tudo bem
Apesar, contudo, todavia, mas, porém
As águas vão rolar, não vou chorar, não!
Se por acaso morrer do coração
É sinal que amei demais
Mas enquanto estou viva e cheia de graça
Talvez ainda faça um monte de gente feliz
Essa música...é meu mantra...
e não é de hoje...
Feliz...feliz...feliz...
Beijos
Leca
GENTILEZA
Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
A palavra no muro
Ficou coberta de tinta
Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só ficou no muro
Tristeza e tinta fresca
Nós que passamos apressados
Pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras
E as palavras de Gentileza
Por isso eu pergunto
À você no mundo
Se é mais inteligente
O livro ou a sabedoria
O mundo é uma escola
A vida é o circo
Amor palavra que liberta
Já dizia o Profeta
MARISA MONTE
A Loucura e a Solidão...
O que é solidão afinal...?
Hoje estou fazendo um trabalho...
sobre a representação da Loucura...
termo que aliás...mudou muito de sentido para mim...
Pensava que loucura era algo patológico...
penso hoje na loucura como algo absurdo
para minha compreensão...
sei que termos como loucura e solidão...
ainda vão mudar muito de sentido para mim...
ao longo dos dias...meses...e anos...
Solidão é se sentir sozinho...!?
Loucura é estar só...num mundo só meu...!?
O que é loucura e solidão no final...!?
O que é pra você a loucura?
o que é pra você a solidão?
Beijos
Ótima semana
Leca
segunda-feira, 29 de março de 2010
POESIA DE GLADYS FERREIRA
O teu sabor dá-me alento
Débitos Maniqueístas
Eis um poema do polêmico poeta português, Fernando Correia Pina. Eu lhes digo -- desde já -- que não concordo com essa forma de alimentar ressentimentos, antagonismos, amarguras e rancores. Acho que este poema peca pelo excesso de maniqueísmo. Ele simplesmente generaliza no sentimento de injustiça. O poeta joga e manipula com as palavras tentando dar a elas um sentido de revolta ideológica. E como diz o meu guru, Luc Ferry, as religiões e ideologias fizeram as sociedades e os indivíduos sacrificar-se por ideais inúteis.
Mas publico aqui o poema de Fernando Correia Pina. Por que publico? Ora, caramba, para causar impacto. E os impactos são importantes -- porque fazem refletir.
Saldo Negativo
Dói muito mais arrancar um cabelo de um europeu
que amputar uma perna, a frio, de um africano.
Passa mais fome um francês com três refeições por dia
que um sudanês com um rato por semana.
É muito mais doente um alemão com gripe
que um indiano com lepra.
Sofre muito mais uma americana com caspa
que uma iraquiana sem leite para os filhos.
É mais perverso cancelar o cartão de crédito de um belga
que roubar o pão da boca de um tailandês.
É muito mais grave jogar um papel ao chão na Suíça
que queimar uma floresta inteira no Brasil.
É muito mais intolerável o xador de uma muçulmana
que o drama de mil desempregados em Espanha.
É mais obscena a falta de papel higiênico num lar sueco
que a de água potável em dez aldeias do Sudão.
É mais inconcebível a escassez de gasolina na Holanda
que a de insulina nas Honduras.
É mais revoltante um português sem celular
que um moçambicano sem livros para estudar.
É mais triste uma laranjeira seca num kibutz hebreu
que a demolição de um lar na Palestina.
Traumatiza mais a falta de uma Barbie de uma menina inglesa
que a visão do assassínio dos pais de um menino ugandês
e isto não são versos; isto são débitos
numa conta sem provisão do Ocidente.
Titia
domingo, 28 de março de 2010
Né Ladeiras
É uma excelente notícia: Né Ladeiras, uma das cantoras portuguesas mais interessantes, responsável pela gravação de um dos meus discos preferidos em português, iniciou hoje - finalmente - a gravação de um novo disco. Aguardo com expectativa, mas seguríssimo quanto à qualidade do resultado final.
Chapeuzinho Vermelho...
Ilustração de Gustave Doré (1832-1883) para o livro “Contos de Perrault”...edições Stahl-Hetzel...1862
Obrigada pelos comentários...adorei...
Só pra continuar...a história...
A versão original da Chapeuzinho Vermelho...é de Charles Perrault...e nela o lobo é quase sempre uma metáfora para o homem sexualmente predador...A maioria das versões posteriores procura omitir a conotação sexual do convite do lobo disfarçado de avó: “Venha deitar-se ao meu lado”...
Mas como nos mostra Doré em sua ilustração... Charles Perrault conta a história de modo realista...confirmando seu conselho de que não se deve falar com estranhos...
Na história original não aparece caçador algum...e o lobo acaba por devorar a menina.
A moral da história é que devemos ver bem em quem e como confiamos...e isso é o que determinará as conseqüências que sofreremos...
Então pensando bem...tanto faz...homem...lobo...príncipe...sapo...
E pros dias dias de hoje também é preciso tomar cuidado...com...
princesas e lobas...
Beijosssssssssssssssss
e ótima semana pra todos
Esplanada
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares.
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão,
agora lês saramagos & coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro dentro de mim.
O café agora é um banco, tu professora de liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas úteis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes.
Manuel António Pina
[imagem: tenho imensa pena de não saber o seu autor]
Definições definitivas...
...não existe esse negócio de terceira idade. Só existem duas opções: vivo ou morto!
Se Arrependimento Matasse
Se arrependimento matasse
eu estaria morto.
Quando visitei a DDR em 1986
achei tudo cinza de tão triste.
Entrei na livraria oficial e
comprei as obras do Lenin
tradução para o português.
Ignacio Vázquez- Truganini, la última tasmaniana
A Patricia Rocha
A veces, en los aeropuertos o en las calles de otro país, escuchar hablar en español o adivinar un acento hispanoamericano borra nuestra timidez: nos presentamos, preguntamos o ya adivinamos de dónde es la persona que habló en español, nos alegramos del mutuo alivio de convertirnos en una pequeña isla de inteligibilidad, contamos nuestras vidas. Imagino que la vida de esta mujer de Tasmania, Truganini, habrá sido, a partir de algún momento preciso la infinita, sombría y sofocante imagen contraria: una mujer que espera, perpetuamente, en un aeropuerto donde ningún tasmaniano hará su check-in, o en calles donde ningún tasmaniano irá consultando una guía Michelin o sacando fotos.
La depresión, el vacío, la náusea de Sartre tuvo-tiene- lectores, comentaristas, exégetas,traductores y epígonos. Procuro entrever un existencialismo marginal, mucho más crudo y, lo que es peor, definitivo. Sartre, al menos, tenía para quien escribir. Imagino a Sartre explicándole a Truganini que el hombre es un ser en sí para sí. Imagino, entonces, la cara de Truganni.
Imagino a Michel Onfray explicándole a Truganini que una política libertaria exige un cambio de perspectiva; y que si ella no entiende que eso implica poner la política bajo el yugo de la ética, quiere decir que ella no entiende nada. Imagino, también, la cara de Truganini.
Imagino a Martin Heidegger preguntándole, a esta mujer sufriente, por qué existe el ser y no más bien la nada.
Imagino la boca de Truganini abriéndose de asombro para luego pedirle que repita la pregunta en su lengua.
También imagino que Truganini entiende la pregunta y se abstiene, por vergüenza ajena, de responder.
sábado, 27 de março de 2010
O lugar ao sol
Um lugar ao sol - Delfins
O Lobo Mau...
ilustração de Cory Godbey...
Príncipe Encantado ?
Bom mesmo é o lobo mau...
Que tem olhos grandes...e me vê melhor...
Que grandes orelhas...e me escuta melhor...
Que tem...Que me...
E perto de mim não é mais mau...
Beijos
Ótimo final de semana pra todos...
Leca
sexta-feira, 26 de março de 2010
A VIDA É SONHO
Que é a vida? Um frenesí.
Que é a vida? Uma ilusão,
uma sombra, uma ficção;
o maior bem é tristonho,
porque toda a vida é sonho
e os sonhos, sonho são.
Amor inquebrável
É sonho que se transforma em corpo pequeno, enrugado e guloso. É peso que carregamos permanente durante meses e que se torna independente mas sempre presente, sempre carente. É amor na expressão pura do ser-se nosso mas outro.É o nosso cheiro com diferentes nuances que transformam os nosso sentidos em sentinelas sem folgas. É alegria, dor, nostalgia, amor, é dar e receber sem noções económicas de trocas. É, só pelo simples facto de ser, inexplicável e imenso, nosso e de outro, inquebrável e intenso. Verdadeiro e incorrompível, diferente em cada ser mas sem dúvida um presente. O amor parental, biológico ou apenas de coração porque a diferença entre um e outro só existe nos corações pequenos.
originalmente em devaneiosdeloucura.blogspot.com e porque ultimamente muito se tem falado por aqui sobre amor paternal/maternal
É Só Trocar de Canal
Por favor, deixem a sociedade brasileira refletir -- e é bom fazer este povo pensar-- acerca de um crime bárbaro que chocou a nação.
quinta-feira, 25 de março de 2010
Definições definitivas...
O filme sempre começa na hora certa, principalmente quando você chega atrasado.
Homenagem...
Este texto é do querido Luis Felipe...
Do blog...
http://sabugando.blogspot.com/
É ler pra crer...
...Puxando de volta à mediocridade...
"Já reparou que quando você tem o impulso de fazer algo bem legal ou diferente, não faltam pessoas pra te criticar ou te difamar na sua ausência?
Sempre foi e sempre será assim, é natural do ser humano, ele vive em grupo e inconscientemente trabalha com rigor para manter, proteger o grupo.
Você tem uma idéia, uma boa idéia, muitos te atacarão, irão contra você, terão inveja.
Peraí, que que é esse sujeito destoando do grupo, pensando diferente, volta aqui, não se atreva a sair desse nosso nível.
Muitos desses críticos, são pessoas extremamente próximas, e não cortam suas asas por mal, é como eu disse, algo inconsciente. Eles até se surpreendem por estarem nutrindo pensamentos ruins com relação à você, evitam sua presença porque não querem enfrentar o conflito interno de te amar muito e ter vergonha do que está pensando sobre quem sempre gostou.
Existe uma frase muito legal que eu li certa vez: Deus gosta muito de seu rebanho, não quer perder suas ovelhas a esmo, por isso coloca obstáculos ao conhecimento.
E pense comigo, não há nada de religião nisso, todos nós tendemos a seguir a maioria, o vigente, aquilo que nossa tribo faz. Tentar compreender, buscar as razões verdadeiras pode ser muito perigoso, desagradar muita gente.
O grupo nos preserva, mas muitas vezes nos cega."
CANÇÃO DE EXÍLIO FACILITADA
Navegar
Perdi o barqueiro navegando entre as estrelas duma paixão. O rumo na noite escura é iluminado somente pelo fogo do meu coração que me indica como nortear minhas velas, qual estrela polar sempre presente.
Seu pulsar palpitante é motor do meu barco sempre que o vento teima em não soprar. Porque recuso-me a ficar parada nas águas escuras, navegarei sempre até ao nascer do dia mesmo que não saiba onde estou, quem sou, ou como aqui vim parar. Nada disso me importa, importa-me navegar, ver o teu rosto espelhado nas aguas calmas como se fosses um sonho e aguardar o meu porto, onde deixarei tua imagem ancorada até que te encontre enfim ou te perca para sempre como se fosses uma estrela que teima em não brilhar para mim.
a 5 /03 /2010 em devaneiosdeloucura.blogspot.com
Mar
ISABELLA
pois aqui, pessoas em cubos,
invariavelmente empilhadas,
faces ocultas de luas mortas,
humilhantes, humilhadas,
orbitando idéias podres e tortas,
escondidas entre os muros,
no espetáculo deprimente
da mídia insana,
demente,
cumprimentam-se aos murros
posando de bacana,
vendem almoço para comprar janta,
em frente da televisão,
qual uma planície cheia de Anta,
estão com o prato cheio de sangue na mão.
“Resquiet in pace”,
pequena flor de jambolão.
Publicado originalmente em 23/04/2008 aqui
quarta-feira, 24 de março de 2010
Eu não sei
A faca de prata.
Baseado em um conto de Philippe Delerm e em algumas lendas gaudérias.
Oscar Kokoschka - Veronicas's Veil
Nem a Primeira e Nem a Última
Colocou o vestido preto, os óculos escuros e chegou cedo. Postou-se ao lado do caixão. Não conseguiu chorar nem se emocionar. Na hora da cerimônia ouviu quieta o que disse o padre que abençoou o cadáver. Acompanhou o cortejo até o túmulo. Recebeu de todos os votos de pêsames. Já exausta pegou o taxi e foi para casa. Tomou um longo banho e colocou o roupão. Era preciso arrumar, limpar, colocar no lixo: o prato de sopa, a colher e, sobretudo, o tempero discreto e forte que derruba até cavalo.
Ajuda títulos de blog.
venho aqui pedir ajuda a vocês. Vou mudar de cidade parea estudar e consequentemente morar sozinho. Por isso queira fazer um blog, mas precisava de mais títulos. Vou sair de curitiba e estudar em Lavras medicina veterinária.Coloque as dicas nos comentários
E Agora Seu Zé ?
Expresso Lavras
Terra à Vista
o buraco é mais embaixo
Pode Ir Embora
Agora é por minha conta
Diário de Bordo
Última chamada
Welcome to Lavras
Simplismente Sozinho
Ajudem aew plz
Definições definitivas...
Habitue-se a chamar o seu cônjuge sempre de "Amor". Assim não corre o risco de chamá-lo pelo nome da outra ou do outro.
Carta para o Miguel
Foi na biblioteca. Descobri-o num livro. Num poema. Numa lágrima de preta.
E foram muitas descobertas numa.
Já tinha lido outros poemas. Nos livros lá de casa. No meu livro de português.
O meu livro de português tinha poemas que, ainda hoje, sei de cor e salteado, como nunca soube a tabuada.Tinha um poema pequenino, cinco linhas, talvez. E nessa altura - já te disse isto - eu achava que poemas eram poucas palavras a dizerem muitas, muitas coisas.
Nesse tempo, eu achava também que poemas eram escritos que adivinhavam coisas nossas. Talvez porque aquele poema - o do meu livro de português - tinha uma coisa que eu também tinha. E só eu sabia disso. E, então, pensei que poemas e segredos eram a mesma coisa.
Mas nunca um poema, por aquela idade, me soube tanto a palavras para dizer, como aquele, do António Gedeão. Dei conta que as palavras faziam música.
Nunca um poema fora, para mim, palavras para ler em voz alta.
Depois de ler lágrima de preta, achei que um poema devia ser sempre sentido em voz alta. E achei mais: achei que um poema era uma coisa útil. Tal e qual um objecto útil que nos facilita a vida. Foi, assim, com lágrima de preta. Descobri António Gedeão e foi com António Gedeão que descobri o que era um pseudónimo. E achei aquilo divertido. E descobri que, afinal, todos temos pseudónimos dentro de nós. Que revelamos ou não. E, essencialmente, achei que ele fez bem, porque acho Rómulo um nome feio. Foram muitas as descobertas. Tinha talvez dez anos.
Eu não gosto de Herberto Helder como gosto de António Gedeão.
Descobri Herberto Helder numa livraria. Num livro. Num poema.
Num não sei como dizer-te que a minha voz te procura.
E foram muitas descobertas numa.
Já antes tinha lido poemas. Nos livros, em minha casa. Nos livros das livrarias.
No meu livro de quinhentas e setenta e uma página de poemas, há um poema que me faz emudecer.Por isso, eu nunca o vou poder ler em voz alta. Só sentir.
É um poema que acontece, que teima em acontecer até ao milagre.
Daqueles poemas que mantêm segredos. Secretos, seguros. Poemas com guelras. Poemas que adivinhavam coisas nossas. Poemas raros de carne e rosa.
Poemas de muitas palavras, a fazer sentir coisas únicas.
Mas eu regresso sempre ao não sei como dizer-te que a minha voz te procura.
Foi com Herberto Helder que descobri a poesia toda. E achei aquilo tudo. Terno. Eterno. Violento e voraz. Mas nunca um poema, por aquela idade, me soube tanto a suor. Dei conta que as palavras faziam amor.
Depois de ler não sei como dizer-te que a minha voz te procura, eu achei que quem não o lesse, seria certamente infeliz. Mas, depois, dei conta que isso de ser feliz ou infeliz é patético,quando o assunto é aquele poema. E outros.
terça-feira, 23 de março de 2010
O Anjo Desafinado
A vela
A sala estava vazia. Ao meio uma vela acesa, sem sinal de qualquer brisa ou movimento. Nada mexia naquela sala vazia, apenas a luz bruxuleante da vela, que ardia aparentemente sozinha no meio da sala.
Subitamente algo se mexeu. Ninguém sabe definir o que foi, só a luz da vela deu sinal. Que à passagem acusou a deslocação do ar e quase se apagou.
Numa das paredes a lareira já há anos que estava preperada, com lenha, com pinhas, com tudo.
A vela mudou de posição como se algo a movimentásse no ar, mas não se via nada. Atirada para a lareira, iniciou o lento arder da pinha, preparada que estava para aquela ocasião. Da pinha a combustão passou à lenha e a lareira ardia agora., aquecendo a sala e iluminando-a como nos tempos em que por ali andava gente.
Desintegração
Remova sua bagagem para um canto no lado de fora. Jogue em uma lata de lixo o seu pó e o molho de chaves. O seu espaço está desocupado sem parecer vazio. A casa e a família estão inteiras e não quebradas como você gostaria. O pão quente e o café com leite continuam sendo colocados e saboreados à mesa. Estamos todos sentados em nossos lugares, não importa em que endereços. A conversa segue perfumada, não envelhece ou se ressente com a diversidade dos nossos diálogos. Ao contrário, cresce espontânea por usar verbos livres de anomalias.
Os Americanos São Malucos
Charges criticando o Obama's Health Care
Definitivamente, não é fácil entender a lógica americana. Como é que um cidadão residente no pais mais rico do mundo não tem direito aquilo que é básico? Ao serviço de saúde universalizado? E o mais inacreditável, tem gente que é contra isso, porque entende que não deve haver qualquer tipo de intervenção estatal na vida das pessoas, dos particulares. Eu também sou contrário em algumas hipóteses, mas nunca nesse nível. O partido republicano americano votou em massa contra essa medida de universalização dos serviços de saúde, isso nunca aconteceu antes. Incrível, parte do povo americano sai às ruas para protestar, porque a medida aumenta os gastos públicos e a intervenção estatal. Eles acham que o presidente Obama está socializando os EUA. Besteira pura. Paranóia das grossas. Isso não tem nada de socialismo, isso é direito universal à dignidade humana e boa qualidade de vida. Parabéns ao Obama e aos Democratas.
Não confio mais no sedex
Aconteceu comigo: enviei por sedex, de Maceió para Salvador, quatro livros originais escritos nas décadas de 1940 e 1950 pela poeta Jacinta Passos, minha mãe: Nossos poemas, Canção da partida, Poemas políticos e A Coluna. Preparo a edição completa da obra dela, acompanhada de biografia e fortuna crítica, a ser publicada em breve pelas editoras da EDUFBA e Corrupio. A certo momento dos trabalhos, foi necessário comparar os poemas originais dos livros com o texto em page maker, pois nessa transposição costumam acontecer mudanças nos espaços entre as estrofes.
Enviei então os livros de minha mãe para a editor Bete Capinan, em Salvador. Havia pressa, e eu não tinha por que me preocupar, pois sempre confiei nos Correios, principalmente no sedex, serviço que cobra caro justamente para entregar as encomendas rápido e em segurança.
Para encurtar a história, os Correios me informaram que meus preciosos livros – publicados há mais de 50 anos, em edições esgotadíssimas, e que para mim têm um valor sentimental incalculável, pois foram escritos por minha mãe, já morta – foram roubados do caminhão (isto mesmo, caminhão, embora haja voos diários entre as cidades) que os transportava pelos 600 km que separam Maceió de Salvador. Durante o assalto, vários pacotes teriam sido roubados, desviados e/ou danificados. Esse serviço de entrega por caminhão – que, fiquei sabendo, é usado em várias partes do Brasil – é terceirizado. O grande argumento dos funcionários dos Correios que comigo conversavam por telefone era: “Mas o roubo não aconteceu nas dependências dos Correios!”, como se a instituição não fosse a responsável pela entrega final do pacote. E ainda comentavam: “Pois é, minha senhora, este país está uma coisa horrível mesmo, cheio de assaltos...”
O que eu posso fazer? Segundo os Correios, levar cópias de vários documentos meus até a agência onde postei o pacote, preencher lá minucioso formulário, e aguardar até que me devolvam o dinheiro que gastei na postagem, acompanhado de cinquenta reais. É, cinquenta reais.
Pelo que me foi dito, os desvios de cargas do sedex têm sido constantes. Acho que os Correios devem ser responsabilizados por isso, para tomarem uma providência. Acho que todos os prejudicados devem entrar na Justiça, por mais aborrecido e tenso e trabalhoso que isso seja. Pois pode ser a única brecha que nos deixaram para chamar à consciência uma instituição que já foi sinônimo de qualidade no Brasil, e hoje pode deixar de cumprir obrigações, lesando seus usuários, como aconteceu comigo.
muito linda...
segunda-feira, 22 de março de 2010
A Ingrata
- Acho que não estou adequadamente vestida. Ao vê-la tão elegante em seu vestido de gala e rodeada por margaridas, acho que minha jaqueta tigrada não está muito bem. Como ela fica serena assim dormindo. Parece tão doce. Pena que já esteja amarelada. É melhor fechar o caixão antes que comece a feder. Você me leva em casa rapidamente para trocar de roupa? Ah, agora sim. Ficou muito melhor. Essa jaqueta é chiquérrima. Toda em “patchwork” da mais pura seda. Ganhei de um alemão lindo na Europa. Que homem. Ainda bem que a Santinha ainda não chegou. Não queria que ela me visse mal vestida. Ela sempre teve uma inveja doentia de mim. A coitada sempre foi feia, e por isso a preferida da mamãe. Eram a imagem e semelhança uma da outra. Mulher feia é um perigo. Dizem que casou virgem aos 40 anos. Bem feito. Eu, eu sempre fui linda. Casei com um homem que me cobriu de jóias e vestidos. Me deu até um Porsche. Mesmo depois de separados continuamos amigos. No último Natal, me presenteou com um cruzeiro pelo Caribe. Ela e a mamãe nunca agüentaram a minha beleza, o meu sucesso. Sempre foram feias e invejosas. Minha beleza tem sido um fardo na minha vida. Todas as mulheres me odeiam. Em compensação, os homens me adoram. Há alguns anos comecei a contar e já eram mais de 200. Depois, parei de contar.
- Você viu a Diana? Até que ela está bem. Continua bonita, o tempo não passa para ela. Impressionante. Agora está ruiva. Da última vez que a vi não a reconheci. Quando aquela loira entrou na festa e veio em minha direção cheguei a soltar um uau. Somente quando ela falou comigo é que eu vi que era nossa querida maninha. Está falando com a tua filha já faz tempo. Não acho uma boa influência para a menina. Se eu fosse você iria até lá e dava um jeito de afastá-las. Não foi uma boa filha. A mamãe se referia a ela como a “Ingrata” e a Santinha a detesta.
- Minha filha, há tantos anos que não lhe vejo. Acho que a última vez foi no velório da mamãe. Seu pai não me dá mínima e nunca fui próxima das minhas cunhadas. Mas você é tão linda, se parece tanto comigo. Eu também era assim. Mas não fique triste. Isso tudo passa. Ninguém merece nosso sofrimento. O que o teu pai fez é normal. Ele sempre foi um estúpido. Eu sim sofri. Muito mais do que você e estou aqui bem forte. Quando era mocinha meu pai começou a me tocar. A primeira vez foi durante o jantar. Senti sua mão sob a saia escolar subindo em direção da calcinha. Fiquei tão nervosa que não soube o que fazer. Congelei. Depois, começou a avançar cada vez mais. Eu tinha que fugir dele o tempo todo. Comecei então a me esconder em um quartinho que havia embaixo da escada. Meu tormento foi imenso. A mamãe descobriu e ficou uma fera. Achei que iria dar morte. Disse que eu era uma filha ingrata, que estava tomada pela pomba gira, e passou a me bater também. Quando eu tinha 17 anos casei e nunca mais voltei para casa. Não fui nem no enterro do maldito. Não sei por quê estou te contando tudo isso. Sabe, na minha religião a gente não se confessa, e sinto uma necessidade de desabafar.
Pierre Puvis de Chavannes - Mary Magdalene
definições definitivas
O pára-quedas é o único meio de transporte que ao enguiçar, se chega mais rápido.
De vida e arte
Dilma...
Você encontra a charge original aqui: http://chargesdobenett.zip.net/
Apenas Igual ou Simplesmente Banal
Este poema
por Régis Bonvicino
Este poema
não chama a atenção
é igual a milhares
-sequer por um momento
iustra, apático, o passado
caça moscas
paga juros
não tem saco aéreo
víboras, ratos,
ladrões desprezam seu túmulo
uivam lobos de pelúcia
não tem futuro
é abelha cega com sua parelha de óculos
sua língua não é uma esponja
suas antenas farejam Drummond
não enxerga no escuro
não cria inimigos
não morre depois do ataque
não tem farpas
tolera o mundo
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RÉGIS BONVICINO é poeta, autor de "Página Órfã" (ed. Martins).
Publicado no Caderno Mais! da Folha de ontem.
Planeta Água - Guilherme Arantes
Serena do mundo
E que abre um
Profundo grotão
Água que faz inocente
Riacho e deságua
Na corrente do ribeirão...
Águas escuras dos rios
Que levam
A fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população...
Águas que caem das pedras
No véu das cascatas
Ronco de trovão
E depois dormem tranqüilas
No leito dos lagos
No leito dos lagos...
Água dos igarapés
Onde Iara, a mãe d'água
É misteriosa canção
Água que o sol evapora
Pro céu vai embora
Virar nuvens de algodão...
Gotas de água da chuva
Alegre arco-íris
Sobre a plantação
Gotas de água da chuva
Tão tristes, são lágrimas
Na inundação...
Águas que movem moinhos
São as mesmas águas
Que encharcam o chão
E sempre voltam humildes
Pro fundo da terra
Pro fundo da terra...
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água...(2x)
Água que nasce na fonte
Serena do mundo
E que abre um
Profundo grotão
Água que faz inocente
Riacho e deságua
Na corrente do ribeirão...
Águas escuras dos rios
Que levam a fertilidade ao sertão
Águas que banham aldeias
E matam a sede da população...
Águas que movem moinhos
São as mesmas águas
Que encharcam o chão
E sempre voltam humildes
Pro fundo da terra
Pro fundo da terra...
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água
Terra! Planeta Água...(2x)
domingo, 21 de março de 2010
A PALAVRA
Por que não a encontro?
Apalpá-la como se dura,
como quem alisa a rocha,
surpresa, por imaginá-la pura;
isso é perder-se de propósito
na floresta?
Sábia, esperando
ser colhida e viva, ela,
no monte sólido de cinzas
(donde a ave não renascerá),
parece flor, contemplativa.
Ilustração: Vendedora de flores, de Diego Rivera (1886-1957).
Notícias
"Anuncie com cem línguas a mensagem agradável...
mas deixe que as más notícias se revelem por si mesmas."
...frase de William Shakespeare
POETA (S)
Estranha lavra,
na busca do alimento,
chafurda n'alma,
e sua lama interior.
A lavra da larva,
a palavra,
ecoa solta...
levando alegria para onde há pavor,
trocando ódio por amor,
seja aonde for.
PS: Texto meu, imagem captada no Bar Pessoa em Campinas...