tag:blogger.com,1999:blog-7485658869922349705.post4779401477559627906..comments2024-01-01T13:13:29.020-03:00Comments on MÍNIMO AJUSTE: Minha cabeça estremece - Herberto Hélder // Rodrigo LeãoMínimo Ajustehttp://www.blogger.com/profile/06551049557633012834noreply@blogger.comBlogger8125tag:blogger.com,1999:blog-7485658869922349705.post-43231888881941082982012-03-29T18:52:37.104-03:002012-03-29T18:52:37.104-03:00Ao mesmo tempo que dá um curto,vem o arrepio da fo...Ao mesmo tempo que dá um curto,vem o arrepio da força e beleza...enlouquecida nos corredores das varandas internas,agora nas palavras (e que palavras!!!),deste poema subindo pela caneta!<br />Estremece!<br />Maravilha! Valeu Mínimo Ajuste!Marylena Bukowskinoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7485658869922349705.post-24147234406899994762012-03-24T17:27:58.713-03:002012-03-24T17:27:58.713-03:00Obrigada, Marcelo!
Pareceu-me que ele tinha falad...Obrigada, Marcelo!<br /><br />Pareceu-me que ele tinha falado menos. E como conheço sua genialidade e SABER, achei que poderia ter feito poema sobre poema. Sabe quando japones fala e o interlocutor passa meia hora dizendo o que ele disse em um segundo.<br /><br />Beijo<br /><br />MirzeAnonymoushttps://www.blogger.com/profile/04119822283041666168noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7485658869922349705.post-13398169950806187622012-03-24T15:39:56.416-03:002012-03-24T15:39:56.416-03:00Cirandeira,
Vc tem razão. Ouvindo a dicção lusit...Cirandeira,<br /><br /><br />Vc tem razão. Ouvindo a dicção lusitana, para ouvidos menos acostumados, nessa fala do poeta, por exemplo: <br /><br />"Falo, penso.<br />Sonho sobre os tremendos ossos dos pés.<br />É sempre outra coisa, uma<br />só coisa coberta de nomes", <br /><br /><br />em lugar de "nomes", poderíamos ouvir, facilmente, "nós", tal a maneira como os portugueses "engolem" algumas sílabas.<br /><br /><br /><br /><br />Um beijo, Cirandeira.Marcelo Novaeshttps://www.blogger.com/profile/11209737711648527795noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7485658869922349705.post-79888272273826715742012-03-24T15:37:13.405-03:002012-03-24T15:37:13.405-03:00Foram estes os dizeres, Mirze.
Quando eu "b...Foram estes os dizeres, Mirze.<br /><br /><br />Quando eu "brinco" com um poema, eu aviso. Fiz isso para um que mandei para a Cirandeira e Tânia [Prosa poética de Paul Claudel que, no original, teria trinta páginas...; editei, enxuguei, alinhavei, transpus frases, reiterei, criei locuções paralelas, e ficou uma coisa muito curta]. Aqui, trata-se de um poema gravado. Tenho "Ou O Poema Contínuo", uma coletânea de Herberto Hélder. Este poema é o segundo poema publicado no livro Poemacto, e poderia ser colocado como "Poemacto II". Porém, eu o encontrei transcrito num blog português, com o título de "Súmula" [súmula do Poemacto, talvez, e seu espírito] e o transcrevi [está "exacto", como diriam os portugueses], em vez de escrevê-lo no word [daria mais trabalho]. O título estava no tal blog português [e sobre literatura portuguesa], mas o poema é "exactamente" este. Pode cham-alo "Poema II do livro Poemacto", também presente na coletânea de Helder "Ou O Poema Contínuo", já que tudo, caudalosamente, pode ser lido como constituindo um "poema-rio", um "poema-em-fluxo". Permanente.<br /><br /><br />Um beijo, Mirze.Marcelo Novaeshttps://www.blogger.com/profile/11209737711648527795noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7485658869922349705.post-27403851242593394212012-03-24T11:45:23.394-03:002012-03-24T11:45:23.394-03:00Marcelo, foi muito bom mesmo, transcreveres o poem...Marcelo, foi muito bom mesmo, transcreveres o poema, cheguei por aqui pensando em fazer a mesma coisa, porque<br />muitas palavras nos escapam, mesmo sendo em português, pois a pronúncia dos portugueses é muito diferente da nossa.<br /><br />um beijocirandeirahttps://www.blogger.com/profile/15981981170612809262noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7485658869922349705.post-61758463183996227012012-03-24T11:40:57.967-03:002012-03-24T11:40:57.967-03:00Marta, que poema intenso, maravilhoso! Gosto muito...Marta, que poema intenso, maravilhoso! Gosto muito de Herberto Helder, mas esse poema eu ainda não conhecia. Obrigada por partilhar conosco!<br /><br />beijocirandeirahttps://www.blogger.com/profile/15981981170612809262noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7485658869922349705.post-72378072188200481852012-03-24T10:59:41.606-03:002012-03-24T10:59:41.606-03:00Foram estes os dizeres do poeta, Marcelo? Ou você ...Foram estes os dizeres do poeta, Marcelo? Ou você fez um outro poema?<br /><br />Só para entender, não me queira mal.<br /><br />Beijos<br /><br />MirzeAnonymoushttps://www.blogger.com/profile/04119822283041666168noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7485658869922349705.post-58893447329812536772012-03-23T19:09:06.499-03:002012-03-23T19:09:06.499-03:00Absurdamente forte. Hipnótico.
SÚMULA.
Minha cab...Absurdamente forte. Hipnótico.<br /><br />SÚMULA. <br />Minha cabeça estremece com todo o esquecimento.<br />Eu procuro dizer como tudo é outra coisa.<br />Falo, penso.<br />Sonho sobre os tremendos ossos dos pés.<br />É sempre outra coisa, uma<br />só coisa coberta de nomes.<br />E a morte passa de boca em boca<br />com a leve saliva,<br />com o terror que há sempre<br />no fundo informulado de uma vida.<br />Sei que os campos imaginam as suas<br />próprias rosas.<br />As pessoas imaginam os seus próprios campos<br />de rosas. E às vezes estou na frente dos campos<br />como se morresse;<br />outras, como se agora somente<br />eu pudesse acordar.<br /><br />Por vezes tudo se ilumina.<br />Por vezes canta e sangra.<br />Eu digo que ninguém se perdoa no tempo.<br />Que a loucura tem espinhos como uma garganta.<br />Eu digo: roda ao longe o outono,<br />e o que é o outono?<br />As pálpebras batem contra o grande dia masculino<br />do pensamento.<br /><br />Deito coisas vivas e mortas no espírito da obra.<br />Minha vida extasia-se como uma câmara de tochas.<br /><br />- Era uma casa - como direi? - absoluta.<br /><br />Eu jogo, eu juro.<br />Era uma casinfância.<br />Sei como era uma casa louca.<br />Eu metias as mãos na água: adormecia,<br />relembrava.<br />Os espelhos rachavam-se contra a nossa mocidade.<br /><br />Apalpo agora o girar das brutais,<br />líricas rodas da vida.<br />Há no esquecimento, ou na lembrança<br />total das coisas,<br />uma rosa como uma alta cabeça,<br />um peixe como um movimento<br />rápido e severo.<br />Uma rosapeixe dentro da minha ideia<br />desvairada.<br />Há copos, garfos inebriados dentro de mim.<br />- Porque o amor das coisas no seu<br />tempo futuro<br />é terrivelmente profundo, é suave,<br />devastador.<br /><br />As cadeiras ardiam nos lugares.<br />Minhas irmãs habitavam ao cimo do movimento<br />como seres pasmados.<br />Às vezes riam alto. Teciam-se<br />em seu escuro terrífico.<br />A menstruação sonhava podre dentro delas,<br />à boca da noite.<br />Cantava muito baixo.<br />Parecia fluir.<br />Rodear as mesas, as penumbras fulminadas.<br />Chovia nas noites terrestres.<br />Eu quero gritar paralém da loucura terrestre.<br />- Era húmido, destilado, inspirado.<br />Havia rigor. Oh, exemplo extremo.<br />Havia uma essência de oficina.<br />Uma matéria sensacional no segredo das fruteiras,<br />com as suas maçãs centrípetas<br />e as uvas pendidas sobre a maturidade.<br />Havia a magnólia quente de um gato.<br />Gato que entrava pelas mãos, ou magnólia<br />que saía da mão para o rosto<br />da mãe sombriamente pura.<br />Ah, mãe louca à volta, sentadamente<br />completa.<br />As mãos tocavam por cima do ardor<br />a carne como um pedaço extasiado.<br /><br />Era uma casabsoluta - como<br />direi? - um<br />sentimento onde algumas pessoas morreriam.<br />Demência para sorrir elevadamente.<br />Ter amoras, folhas verdes, espinhos<br />com pequena treva por todos os cantos.<br />Nome no espírito como uma rosapeixe.<br /><br />- Prefiro enlouquecer nos corredores arqueados<br />agora nas palavras.<br />Prefiro cantar nas varandas interiores.<br />Porque havia escadas e mulheres que paravam<br />minadas de inteligência.<br />O corpo sem rosáceas, a linguagem<br />para amar e ruminar.<br />O leite cantante.<br /><br />Eu agora mergulho e ascendo como um copo.<br />Trago para cima essa imagem de água interna.<br />- Caneta do poema dissolvida no sentido<br />primacial do poema.<br />Ou o poema subindo pela caneta,<br />atravessando seu próprio impulso,<br />poema regressando.<br />Tudo se levanta como um cravo,<br />uma faca levantada.<br />Tudo morre o seu nome noutro nome.<br /><br />Poema não saindo do poder da loucura.<br />Poema como base inconcreta de criação.<br />Ah, pensar com delicadeza,<br />imaginar com ferocidade.<br />Porque eu sou uma vida com furibunda<br />melancolia,<br />com furibunda concepção. Com<br />alguma ironia furibunda.<br /><br />Sou uma devastação inteligente.<br />Com malmequeres fabulosos.<br />Ouro por cima.<br />A madrugada ou a noite triste tocadas<br />em trompete. Sou<br />alguma coisa audível, sensível.<br />Um movimento.<br />Cadeira congeminando-se na bacia,<br />feita o sentar-se.<br />Ou flores bebendo a jarra.<br />O silêncio estrutural das flores.<br />E a mesa por baixo.<br />A sonhar.Marcelo Novaeshttps://www.blogger.com/profile/11209737711648527795noreply@blogger.com